Verticalização de Juazeiro do Norte cresce mais de 1.000% em 9 anos

Quantidade de unidades avançou de 407 em 2010 para 4.309, até o mês passado, segundo levantamento do Creci. Animado com redução da taxa de juros, setor estima crescimento de 15% das vendas no 1º semestre de 2020

A verticalização e criação de condomínios em Juazeiro do Norte cresceram mais de 1.000% nos últimos nove anos, segundo revela levantamento do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Até 2010, eram registradas 407 unidades – 252 residenciais e 155 salas comerciais – na terra do Padre Cícero. Em 2019, até novembro, este número saltou para 4.309 unidades – das quais 3.062 residenciais e 1.247 comerciais. Apesar da crise econômica ter freado a execução de novos projetos nos últimos cinco anos, a expectativa do setor imobiliário é de crescimento a partir do ano que vem.

Segundo Fagner Canuto, empresário e corretor de imóveis há 16 anos, o estudo do Creci foi feito para entender a evolução do mercado da região e para fazer uma mensuração das mudanças dos empreendimentos. “(O resultado) é um número muito elevado. Parecido com várias capitais e cidades da Região Metropolitana de Fortaleza”, reforça Canuto.

Ele destaca ainda que o aumento nas vendas esperado pelos corretores de imóveis acompanha o desenvolvimento do setor da construção civil na região. “Ainda há muita área precisando construir. Por modelo, tem muito loteamento e muita gente que compra terreno para título de investimento. A maioria dos empreendimentos lançados foi vendida, principalmente residenciais. A gente tem pouco estoque nas construtoras”, descreve.

A instalação de novas empresas nacionais e multinacionais no Cariri, segundo Canuto, estimulou o investimento em projetos nesta década. “A ampliação da malha viária permitiu acesso a novos bairros. Áreas que antes não estavam sendo exploradas, agora estão crescendo porque ganham visibilidade e acesso. São casos da área do Aeroporto, Socorro e Centro”, cita o corretor de imóveis. “E ainda há possibilidade de um crescimento organizado”, acrescenta.

Crise

Até 2015, o mercado da construção civil cresceu significativamente em Juazeiro do Norte. Na época, a Construtora Raimundo Coelho (CRC), por exemplo, uma das maiores do Cariri, chegou a ter 2 mil operários na cidade entre os anos de 2011 e 2012. Observando a retração econômica da época, porém, a empresa optou então por reduzir a atividade econômica e concentrou-se nas obras de terceiros em vez de tocar projetos próprios. “Uma atitude conservadora, mas, no meu entender, nos preservou”, justifica o empresário Felipe Coelho.

“Foi e ainda está sendo um momento de tremenda dificuldade. O mercado compra quando a prestação é compatível ao que o sujeito pode pagar. As prestações ficam altas demais e as pessoas não podiam comprar. Houve a superoferta: todo mundo produzindo bem e, de repente, o mercado cessa”, aponta.

Retomada

A redução da taxa básica de juros (Selic), que passou ao menor patamar da história ao cair de 5% para 4,5%, e a perspectiva de queda a 4,25% até o fim de 2020, anima o setor imobiliário por facilitar as condições de crédito para os consumidores. A projeção do setor em Juazeiro do Norte é de crescimento de 15% das vendas só no primeiro semestre do ano que vem. “A redução dos estoques das construtoras e a taxa reduzida são os principais indicadores de referência”, explica Canuto.

O Valor Geral das Vendas (VGV) dos imóveis nos seis primeiros meses de 2020 alcança R$ 300 milhões, número superior ao dos últimos três anos, segundo o Creci. “As medidas econômicas foram muito boas. Na prática, a prestação de quem comprava imóvel em financiamento de R$ 200 mil, por exemplo, que pagava R$ 2,5 mil mensais, será em torno de R$ 1,5 mil. É de uma relevância importante no orçamento familiar. Consegue ajustar e ter acesso à casa própria”, reforça o corretor.

O empresário Felipe Coelho também vê uma perspectiva positiva para o mercado. “No Sul e Sudeste já se observa uma reação do mercado imobiliário e esperamos que a gente venha a reboque. Na construção civil, já se prevê um aumento de 2%. É uma retomada lenta, gradual, mas que venha para durar”, torce.

Valorização

Atualmente, Juazeiro do Norte tem o segundo metro quadrado mais valorizado do Estado Ceará. Os bairros mais caros da cidade são a Lagoa Seca e o Planalto, com valor entre R$ 5 mil a R$ 7,5 mil. No bairro Triângulo, o metro quadrado para os empreendimentos comerciais também é, em média, R$ 7,5 mil. “Temos registro de reclamações dos consumidores que consideram os valores mais elevados se comparados aos empreendimentos em cidades do litoral, principalmente Fortaleza e João Pessoa”, pondera Canuto.

A justificativa para os preços altos é o crescimento da demanda e o baixo número de construtoras que estão executando lançamentos de empreendimentos verticais, principalmente, apartamentos, nessas áreas.

Fonte: diariodonordeste