Mercedes-Benz quer fazer de 2020 o ano da rentabilidade

Schiemer espera que operação brasileira sustente seus investimentos

Mercedes-Benz está empenhada em reunir esforços para fazer de 2020 o ano da virada para a rentabilidade. Na sexta-feira, 31, ao apresentar o balanço de 2019 e comemorar a liderança tanto no mercado de caminhões quanto no de ônibus, o presidente da companhia, Philipp Schiemer, disse que neste ano o foco é tornar a operação brasileira capaz de sustentar seus próprios investimentos no futuro sem depender da matriz alemã.

O executivo cita os grandes investimentos na operação nacional mesmo nos anos difíceis da crise, acrescentando que as empresas no Brasil têm conseguido sobreviver por causa da ajuda de suas matrizes.

“Nos últimos 10 anos, houve mais injeção de capital pelas matrizes do que remessas de lucro [a partir do Brasil]. Este tempo acabou. Não vamos ver mais esse dinheiro com tanta facilidade”, afirmou Philipp Schiemer.

 

Entre as razões para não esperar tanto da matriz, o executivo explica que globalmente o setor automotivo está imerso em um mundo de transformações e isso faz com que o dinheiro seja cada vez mais escasso. “Os investidores vão apostar onde está dando retorno”, resume.

Apesar disso, reforça que a Daimler Trucks está “bastante satisfeita” com os números alcançados pela operação brasileira no ano passado. “Eles dizem que foi uma boa decisão investir aqui”, comentou. “A empresa tem de crescer para que possa fazer seus próprios investimentos para o futuro.”

Desde 2015, a Mercedes-Benz investiu R$ 3,1 bilhões em sua operação no Brasil, sendo R$ 730 milhões entre 2015 e 2018 e outros R$ 2,1 bilhões desde 2018. Parte deste aporte, R$ 900 milhões, ainda está em curso e deve encerrar o ciclo em 2022.

Com o foco na rentabilidade, Schiemer explica que algumas ações são necessárias para alcançar a meta estabelecida.

“Os preços têm que acompanhar a inflação; também temos que reduzir os custos internos e como já sabemos que as exportações não vão nos ajudar muito, então o nosso foco este ano é o mercado interno.”

Mesmo com um volume de venda superior a 122 mil veículos comerciais pesados em 2019, considerando a soma de caminhões e ônibus, Schiemer avalia que o mercado brasileiro ainda não está em um nível saudável, mas está a caminho.

“Nós brigamos todos os dias por um Brasil com melhores condições; não posso dizer que não teve avanços, vimos a reforma da previdência, mas é importante e um desafio que haja a continuidade nas reformas, como a tributária, que nos afeta diretamente.”

Fonte: automotivebusiness