Fortaleza – CE | sábado 8 de fevereiro de 2025 / 04:17

Isolamento social vai determinar o futuro da arquitetura residencial

Quando, na história contemporânea brasileira, as pessoas utilizaram tanto sua casa como atualmente? Começo com essa pergunta, pois, como arquiteto e urbanista, me peguei a pensar como as pessoas têm vivido sua casa nesse momento de pandemia? Será que como

Quando, na história contemporânea brasileira, as pessoas utilizaram tanto sua casa como atualmente? Começo com essa pergunta, pois, como arquiteto e urbanista, me peguei a pensar como as pessoas têm vivido sua casa nesse momento de pandemia? Será que como espaço de apoio… ou de confinamento?

Os principais fatores que influenciam o bom funcionamento de uma casa e sua salubridade estão ligados diretamente com a boa utilização do sol, do vento e das boas práticas construtivas. Ter paredes com acabamento, janelas e portas voltadas para a insolação correta, ventilação cruzada e um pequeno jardim são soluções arquitetônicas básicas para se obter uma casa saudável.

Essa boa arquitetura auxilia na salubridade da casa, ou seja, pode livrá-la do mofo, infiltrações e poeira acumulada, o que ajuda na manutenção da saúde física e mental das pessoas, pois além de estarem em contato com os elementos naturais, como o sol e o vento, também conseguem transformar seus lares em locais de satisfação pessoal.

Mas ao identificar que uma casa pode ajudar as pessoas a atravessarem esse período de isolamento social de forma saudável, por outro lado, pode ser um grande desafeto à lembrança de viver isolado. Já que a salubridade é a equação ideal, se traçarmos uma linha comparativa entre as casas projetadas e as construídas sem quaisquer referências técnicas de arquitetura, conseguiremos perceber quem poderá ter mais salubridade neste período e quem terá menos.

Historicamente as cidades do Brasil, bem como as da América Latina, foram construídas sem planejamento e direcionamento, portanto, a casa da maioria dos brasileiros ainda é construída sem orientação e projeto de arquitetura, as conhecidas as autoconstruções.

Mas não se trata de uma exclusividade da periferia, pois as grandes construtoras e incorporadoras, muitas vezes, abrem mão das boas práticas de arquitetura, usando todas as taxas mínimas e máximas possíveis que a legislação permite, ao invés de construir e vender apartamentos mais humanos, sobrepondo o valor do m² à vida das pessoas.

O isolamento social vai nos mostrar e determinar muita coisa para o futuro da arquitetura residencial e da construção civil, pois entenderemos da maneira mais difícil que viver e estar em uma casa não é simplesmente construí-la, e sim erguê-la de maneira eficiente, funcional e salubre. Apesar dos pesares, a Covid-19 nos mostrará que a arquitetura precisa com urgência acessar as autoconstruções e ordenar a construção de edifícios mais humanos.

Fonte: A Gazeta

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