Expectativa do PIB para 2020 passa a ser de queda de 6,25%
As expectativas para o resultado do PIB em 2020 sofreram novo baque. Segundo Pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central, a economia brasileira neste ano apresentará queda de 6,25%, o que supera as retrações projetadas pelo Fundo Monetário Internacional (-5,3%) e pelo Banco Mundial (-5,0%).
“É a 16ª semana consecutiva em que essas estimativas pioraram”, destaca a economista do Banco de Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos.
Vasconcelos destaca que a economia brasileira, mesmo depois do crescimento modesto nos últimos anos (1,3% em 2017 e 2018, e 1,1% em 2019) iniciou 2020 com expectativas um pouco melhores.
“Diante do novo cenário, e com o resultado do PIB do primeiro trimestre do ano, já se sabe que ela retrocedeu ao patamar de 2012”, diz.
Impacto da paralisação das atividades
Em meio à pandemia provocada pelo novo coronavirus (Covid-19), que colocou a economia mundial na rota de uma recessão, novos indicadores que demonstram o impacto da paralisação das atividades e a crise na economia brasileira foram divulgados nos últimos dias.
No mercado de trabalho formal os dados do Caged, difundidos pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, demonstraram um saldo (diferença entre admitidos e demitidos) negativo de 1,1 milhão de trabalhadores com carteira assinada nos meses de março e abril.
Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que retrata a ocupação formal e informal, revelou que o Brasil perdeu 4,9 milhões de ocupações no trimestre encerrado em abril.
Os números do Produto Interno Bruto (PIB), para os primeiros três meses do ano, em relação ao quarto trimestre de 2019, também foram conhecidos. Nesse período, a economia nacional recuou 1,5%, sendo que a Agropecuária, setor com melhor desempenho, cresceu 0,6%. A Indústria caiu -1,4%, a Construção Civil -2,4% e o setor de Serviços, -1,6%. Ainda dentro dos indicadores do PIB, o Consumo das Famílias retraiu 2,0%.
Vasconcelos reforça que os indicadores já divulgados demonstram a força da crise econômica no País e, por isso, as estimativas para o resultado do PIB em 2020 continuam se deteriorando.
“Aguarda-se que os resultados de abril a junho apresentem contração ainda mais forte. Ainda sem uma tendência de desaceleração da doença provocada pela Covid-19 no Brasil e com a ausência de um tratamento eficaz para combatê-la, ganha força a preocupação de como será o caminho para a recuperação. O ambiente de incertezas ainda é dominante e, por isso, muito se questiona se a recuperação brasileira será em V, U ou W”, avalia.