Máquinas e grandes obras: o plano chinês para reaquecer a economia
Pequim está investindo pesado na infraestrutura interna, empregando milhões de pessoas
Xuzhou, China – Em uma fábrica na cidade chinesa de Xuzhou, 100 novos trabalhadores acabam de ser contratados para produzir grandes guindastes para o setor de construção. Nas proximidades, em outra fábrica, os funcionários trabalham até meia-noite para montar máquinas de perfuração e tunelamento. A poucos quarteirões de distância, seus colegas de uma fábrica que faz caminhões de lixo receberam encomendas suficientes para mantê-los ocupados até boa parte do ano que vem.
Essas fábricas, e mais meia dúzia na cidade, são todas propriedades da Xuzhou Construction Machinery Group, um gigante industrial estatal que fabrica o maquinário para o mais recente boom de construção da China.
A empresa, maior produtora de equipamentos de construção do país, está no centro da estratégia de Pequim para reanimar a economia depois da pandemia do coronavírus, apostando em uma estratégia já testada: investir em projetos de infraestrutura doméstica.
A China parece ter praticamente erradicado o coronavírus dentro de suas fronteiras. Mas surtos no exterior causaram crises econômicas em outros lugares que prejudicaram a demanda por exportações chinesas, incluindo os caminhões e máquinas fabricados em Xuzhou.
Os mercados externos ajudaram a impulsionar o rápido crescimento do país por quatro décadas. Mas agora a China volta a fazer negócios com um cliente local: ela mesma. Mais uma vez, Pequim está investindo pesado na própria infraestrutura, empregando milhões de pessoas não apenas para construir novas estradas, linhas ferroviárias e sistemas de esgoto, mas também para produzir os equipamentos necessários para esses projetos.
“Este é um ano muito ruim para contratos no exterior, e não posso viajar”, disse Vincent Cao, gerente de equipamentos de perfuração e tunelamento da empresa, mais conhecida por suas iniciais, XCMG. Apesar dessas limitações, ele afirmou que os negócios estão crescendo, acrescentando: “É um bom ano para a China.”
A princípio, a estratégia parece estar funcionando. Grandes investimentos ajudaram a fazer da China a primeira grande economia a ver uma recuperação depois do surto, com a produção subindo 3,2 por cento de abril a junho em comparação com o mesmo período do ano passado. A economia está revivendo, mesmo que a desaceleração da Europa agora pareça significativamente mais profunda do que o esperado originalmente, e que a economia dos EUA enfrente desafios.