BIM e técnicas construtivas industrializadas marcam ampliação de aeroporto

Obras de modernização do aeroporto de Fortaleza garantiram mais espaço para check in, para embarque e desembarque e novas posições para voos internacionais

Com uma localização geográfica estratégica, o aeroporto internacional Pinto Martins, em Fortaleza (Ceará) é um hub importante para voos entre Brasil, Europa e América do Norte. Administrado pela Fraport Brasil, o local passou, nos últimos dois anos por um amplo processo de ampliação e modernização.

As obras se deram em três grandes frentes. A primeira consistiu na renovação e ampliação do terminal de passageiros com uma área em torno de 74 mil m². A segunda contemplou a ampliação das pistas de pouso e decolagem e do pátio, além da recuperação e construção de taxiways e da execução de um novo canal de drenagem. O projeto previu, ainda, a reformulação de todo o sistema viário de acesso ao aeroporto, com a construção de novas áreas de estacionamento e de um viaduto de interligação com 349 metros de extensão.

De acordo com informações da Passarelli, empresa líder do consórcio responsável pelas intervenções, 97% do trabalho estava concluído em junho de 2020.

TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
Os serviços foram realizados com o aeroporto em funcionamento. Por isso, minimizar os impactos às operações foi um desafio importante. A compatibilização entre a nova estrutura e a existente também exigiu atenção especial de projetistas e construtores. “Em alguns trechos foi necessária a recuperação da estrutura e um criterioso trabalho na realização do encontro entre o terminal original e o novo”, conta André Souza, arquiteto do Núcleo BIM da Passarelli.

Na estrutura pré-existente do terminal de passageiros foram promovidas melhorias, como a renovação das instalações prediais e do sistema de combate a incêndios, a criação de novas circulações verticais/horizontais e a implementação do novo Centro de Controle Operacional.

Os trabalhos se apoiaram no processo de gestão lean construction, que tem foco no aumento da produtividade e da eficiência por meio da redução de retrabalhos e desperdícios. Por isso, para a construção da nova parte edificada, deu-se preferência a sistemas construtivos que conferissem agilidade e diminuição na produção de resíduos no processo.

As escolhas recaíram por estrutura de aço, lajes steel deck, fachada ventilada e cobertura metálica com telhas zipadas. Também foi implementado um sistema de drenagem predial de águas pluviais baseado no princípio de vácuo induzido pela gravidade.

DADOS E INFRAESTRUTURA
Parte especialmente sensível em estruturas aeroportuárias, as instalações prediais foram revitalizadas e modernizadas. A central de água gelada, por exemplo, foi reformada, assim como o sistema de dados e lógica. Foram substituídos aproximadamente 200 mil metros de cabos, adicionados mais 200 mil cabos, certificados 5.492 pontos de dados e criado um novo data center.

Para a execução do viaduto que dá acesso ao aeroporto de Fortaleza, foram utilizadas fundações em concreto e terra armada, além de estrutura mista, com pilares e travessas em concreto, vigas metálicas e lajes pré-moldadas. Já as áreas de pista e pátios das aeronaves foram executadas com pavimento de concreto betuminoso usinado a quente e pavimentos rígidos.

MODELAGEM 3D
As obras realizadas no aeroporto cearense chegaram a empregar 3.500 funcionários trabalhando em três turnos. Segundo Souza, da Passarelli, a modelagem BIM (Building Information Modeling) foi um aliado importante para o sucesso do empreendimento, utilizada tanto nas fases de projeto, quanto durante a execução. Após a conclusão das obras, o modelo 3D continuará fornecendo subsídios para os processos de manutenção e gerenciamento de facilidades através da integração dos modelos BIM às informações dos ativos em uma plataforma alocada em nuvem.

“Por se tratar de um empreendimento de alta complexidade, os processos BIM auxiliaram tanto na elaboração mais eficaz dos projetos, quanto na tomada mais assertiva de decisões ao longo da obra. Com isso, conseguimos mais agilidade e evitamos diversos conflitos entre as disciplinas”, revela Souza. Ainda de acordo com o arquiteto da Passarelli, uma das principais aplicações do BIM nesse caso foi na compatibilização de disciplinas. Ao todo foram mais de dois mil conflitos previamente identificados.

Em Fortaleza, os modelos BIM também ajudaram na compreensão de detalhes construtivos, facilitando o entendimento pela equipe da obra. “Outros recursos, como extração de quantidades, criação de panoramas virtuais 360º e acompanhamento dos status de avanço da obra, também foram aplicados”, conclui André Souza.

Fonte: AECWeb