O que é arquitetura biomimética?
A palavra biomimética é a junção dois termos gregos: bio (que significa vida) + mimesis (que é imitação). Ou seja, a imitação da vida. Na prática, a técnica representa a busca por respostas na natureza. “É ter a natureza como mentora dos projetos”, explica Giane Brocco, fundadora e CEO da Amazu Biomimicry, empresa especialista no assunto.
Esta ciência se aplica em inúmeras áreas do conhecimento, inclusive na arquitetura. Neste caso, é preciso se espelhar em como a natureza constrói. Dessa forma encontramos soluções inovadoras, tecnológicas e sustentáveis. “É um benchmark de mais de três bilhões de anos”, alerta.
“É preciso ter em mente que qualquer que seja o problema, a natureza pensou nisso primeiro”, complementa Giane. Por exemplo: como evitar o acúmulo de vírus e bactérias nos pisos e paredes? A resposta está na pele do tubarão que possui essa característica natural. E o resultado foi encontrado pela Sharklet, empresa que transforma nanopartículas inspiradas na pele do animal aquático em revestimentos para hospitais e outros estabelecimentos que necessitem dessa proteção extra.
Não à toa a busca pelo termo ‘biomimética’ cresceu 39% no Google no último ano. Mas apesar do boom recente, a ciência foi publicada pela primeira vez em 1997 pela escritora Janine Benyus. Para a trend forecaster Iza Dezon, essa procura pelas repostas na natureza surge da percepção da ineficiência humana. “Essa percepção nos leva a uma curiosidade em relação ao funcionamento da natureza e também aumenta a nossa criatividade”, explica.
Outra solução que merece destaque é a utilizada no edifício Eastgate Centre, no Zimbábue. Assinado pelo arquiteto Mick Pearce, o prédio apostou em um sistema de tubulações de ar inspirado na forma como os cupinzeiros controlam o equilíbrio térmico. O resultado é um prédio que mantém a temperatura entre 20 e 22º C sem o uso de nenhum ar-condicionado.
No dia a dia, os consumidores estão mais atentos e em busca de empresas que apostam nestas soluções. “É uma mudança de hábitos que fazia parte de um pequeno nicho e tem ganhado cada vez mais espaço”, indica Iza. Como consequência acompanhamos também a maior valorização da economia circular, colaborativa e regenerativa.
A natureza funciona em ciclos e a biomimética busca entender as regras que regem este funcionamento para, não apenas replicá-las, mas compreendê-las e adaptá-las aos problemas humanos. “A arquitetura biomimética é uma nova maneira de pensar. É recondicionar nosso olhar para questionarmos: como a natureza constrói?”, finaliza Giane.