Alta no custo da construção civil reduz oferta do Casa Verde Amarela

Representantes do setor pedem redução do imposto de importação e das barreiras técnicas para estabilizar mercado

O aumento no preço do material da construção deve afetar a oferta de lançamentos de imóveis do Casa Verde Amarela (novo nome do Minha Casa, Minha Vida) nos próximos meses, estima a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

A preocupação foi destacada em coletiva realizada pela CBIC nesta segunda-feira (24).

O motivo é simples: o programa tem um teto para o preço dos empreendimentos e as construtoras não conseguem repassar a elevação do custo para o consumidor. Com isso, acabam migrando para a produção de imóveis de padrões médio e alto.

Só para entender, o CVA (Casa Verde Amarela) é destinado a famílias mais pobres, com renda mensal de até R$ 2 mil. É um público que necessita de subsídios para financiar uma moradia.

José Carlos Martins, presidente da entidade, afirma que o principal problema enfrentado por empresários do setor para a construção de imóveis de todos os níveis – popular, médio e alto padrão – foi a falta ou o alto custo de matérias-primas.

Esse fator impactou a atividade de cerca de 57,1% das empresas. No ano anterior, no mesmo período, o problema foi apontado por apenas 8,1% dos empresários.

Para se ter uma ideia, enquanto o INCC/FGV (Índice Nacional de Custo da Construção do Mercado da Faculdade Getulio Vargas) acumulou alta de 12,99% nos últimos 12 meses encerrados em abril, o custo com material se destacou no período com aumento de quase 30%.

O custo deve subir ainda mais, segundo estimativa da CBIC, por causa do período dos dissídios que elevarão o custo da mão de obra nos próximos meses.

Lançamentos Casa Verde Amarela

O estudo apontou que a representatividade do CVA sobre o total de lançamentos, no trimestre, foi de 55,6%. Sobre o total de vendas, essa participação foi de 51,5%. Na oferta final, o número de imóveis do CVA representou 44,4% do total.

“As empresas estão trabalhando no limite devem migrar cada vez mais para a construção de outros tipos de imóveis, que permitem mais flexibilidade como redução do tamanho do imóvel e mudança de localidade, por exemplo.”

Por ter um teto limite, a oferta de casas populares registrou queda principalmente na região Nordeste.

“O governo não tem estoque de imóveis, mas tem caneta para mexer em pontos que ajudariam o setor. Reduzir o imposto de importação e as barreiras técnicas que foram colocadas ao longo dos anos nos ajudariam a estabilizar este mercado.”

Martins destaca que não adianta apenas elevar o teto desse tipo de financiamento porque a renda da população não subiu.

Fábio Tadeu Araújo é sócio da Brain Inteligência Estratégica, cita um exemplo do que representaria o aumento do teto no cenário atual da economia.

“Na região metropolitana de Curitiba (PR) o teto do CVA é de R$ 190 mil, mas os imóveis vendidos são da margem de R$ 115 mil. Em São Paulo, aumentar o teto pode ajudar, mas para muitas cidades não vai afetar porque as rendas das famílias não mudaram”, diz Araújo.

Fonte: R7