O que é o encunhamento e qual a sua importância para a edificação?

Se não for bem feito, podem ocorrer patologias com custo elevado para a construtora.

Quando se opta pelo sistema construtivo de estrutura de concreto armado, geralmente como opção para vedação e divisão de ambientes, utiliza-se paredes de alvenaria de tijolos ou lajotas cerâmicas. Para tanto, é necessário fazer uma ligação entre essas paredes de vedação e a estrutura. Quando se trata da ligação com vigas ou lajes, chama-se encunhamento.

imagem de encunhamento em obra, parede com tijolos

Qual a importância?

As alvenarias podem sofrer as ações advindas das estruturas e, se não forem bem distribuídas, podem gerar problemas até mesmo antes do término da construção. Assim, a principal função do encunhamento é distribuir e absorver as cargas sobre a alvenaria, além de, é claro, promover o fechamento da última fiada. Quando mal executadas, a região poderá apresentar fissuras antes mesmo do fim da obra, gerando problemas para a qualidade da construtora.

Acontece que, com a aceleração do crescimento imobiliário, houve um aumento significativo no número de edifícios, fazendo com que o tempo de execução seja reduzido drasticamente em busca de atender ao mercado. Redução essa que, muitas vezes, é resultado da não obediência das normas que ditam o tempo mínimo de execução, como por exemplo a desforma. Por causa disso, tem ocorrido cada vez mais manifestações patológicas nas ligações da estrutura com a alvenaria, levando à necessidade de aplicação de elementos mitigadores.

Vale apontar que, segundo alguns estudos, esses problemas têm gerado altos custos para as construtoras com crescimento no acionamento das garantias, custos esses que não se encontram no orçamento inicial, acarretando num estouro de orçamento.

Os tipos de encunhamento

Essa técnica é utilizada desde a década de 1930, após o aparecimento das primeiras estruturas de concreto armado. Inicialmente era executada utilizando blocos cerâmicos com inclinação de 450. Dessa forma, a transferência das tensões é absorvida pela argamassa de assentamento e o bloco. Com o passar do tempo e com o surgimento de materiais mais tecnológicos e as estruturas cada vez mais flexíveis, surgem técnicas que utilizam materiais mais resilientes, tais como: argamassas com elastômeros, esferas de isopor, placas de Neoprene, poliuretano expandido, entre tantos outros.

imagem de encunhamento em obra, parede com tijolos

O pesquisador Fernando Henrique Sabbatini sugeriu, em uma de suas publicações, uma classificação quanto ao tipo de técnica utilizada para a realização do encunhamento, dividindo-as em: com pré-tensionamento (tijolos a 45º, argamassa expansiva), sem pré-tensionamento (argamassa de baixo módulo de elasticidade) e plástico (espuma de poliuretano).

O encunhamento com pré-tensionamento busca fixar a alvenaria a estrutura ou propiciar o contraventamento dela, enquanto o sem pré-tensionamento é mais direcionado para estruturas mais deformáveis, tendo menor probabilidade de apresentar fissuras e sua a fixação é garantida pela aderência inicial da argamassa e deformação lenta da estrutura. Por fim, o encunhamento plástico é mais adequado para estruturas muito deformáveis e paredes mais rígidas.

Melhores práticas para o encunhamento

Para o local de encontro das estruturas com a alvenaria, o ideal é executar esse encunhamento com uma argamassa flexível, expansiva, sendo que a melhor maneira de executá-la é fazendo uso de uma bisnaga, assim fica garantida uma camada mais uniforme da massa. Outras técnicas que podem ser seguidas são:

  • Respeitar um tempo mínimo de 14 dias entre o término da alvenaria e seu encunhamento e, se for possível, retardar ao máximo o seu encunhamento, permitindo mais tempo de deformação da estrutura;
  • Executar o encunhamento de cima para baixo, assim, ao chegar no primeiro pavimento, toda carga de apoio já está atuando e foi sendo absorvida gradualmente. Caso não seja possível, optar por alternar entre os pavimentos.

Por se tratar de técnicas simples, fica evidente que são práticas bem mais em conta do que ter que fazer consertos das patologias que surgem, tornando-se imprescindível que as construtoras se atentem cada vez mais para a qualidade de sua execução.

Fonte: Engenharia360