Como acesso à arquitetura e decoração tem sido democratizado
Consultorias e projetos que cabem no bolso se adaptam às diferentes necessidades e ajudam a criar os lares dos sonhos
Morar em um lar onde você se sinta bem e se identifique com cada cantinho pode parecer algo simples, mas para uma grande parte da população é um sonho difícil de se realizar. Uma pesquisa do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), em 2015, mostrou que grande parte da população brasileira enxerga o trabalho de arquiteto como algo acessível apenas para as classes mais ricas.
Além dos casos em que o orçamento restrito é o que atrapalha a procura por esse tipo de serviço, há também mudanças no comportamento da sociedade que alteram essa relação de trabalho. Hoje, 82% dos jovens de 16 a 24 anos não têm a intenção de financiar um imóvel e preferem, portanto, viver de aluguel. E deixar uma casa ou apartamento alugado com a cara de seu morador não é das tarefas mais simples – mas, com uma ajudinha, é possível.
É com o intuito de democratizar o acesso aos serviços de decoração que muitos profissionais vêm criando novos modelos de negócios. O arquiteto baiano Márcio Barreto já atuava na realização de projetos completos, mas viu que, muitas vezes, amigos e parentes o pediam ajuda com pequenas ideias de decoração para ambientes. Essa foi a brecha para que ele passasse a oferecer também serviços de consultoria em seu escritório.
Com investimentos a partir de R$ 400, é possível receber orientações sobre como decorar um ou mais ambientes, sempre pensando no que ele precisa e a função de cada móvel – e depois na estética. “Nosso objetivo é atender quem achou que nunca poderia contratar esse tipo de profissional e mostrar que sempre existem alternativas para deixar um lar com sua cara, independentemente do orçamento”, explica o arquiteto.
Ele também conta que, muitas vezes, quem o procura para uma consultoria acaba descobrindo que uma transformação completa pode custar menos do que imaginava. “Em 90% das vezes, a consultoria funciona como uma porta de entrada para projetos futuros”, ressalta Márcio.
Pensando sobre a importância de se sentir bem em casa, o arquiteto Cézar Augusto também tem se dedicado a oferecer opções acessíveis para reformar e decorar residências. Logo no início da pandemia, ele viu, no digital, a possibilidade de satisfazer um desejo de algum tempo atrás: atender um público em que ele se enxergasse. “Eu não tenho casa própria e sei que muita gente vive nessa mesma situação, sem perspectiva ou desejo de comprar uma residência, e não via ninguém atendendo a esse público”, diz.
A Desembola nasceu, então, com esse objetivo – ajudar quem mora de aluguel a deixar o lar colorido e com sua cara, mas com alterações reversíveis e orçamento restrito. A partir de uma consultoria online, descomplicada e que não envolve obra, a pessoa escolhe um dos pacotes disponíveis, de acordo com a ajuda que precisa e o número de ambientes, e pode se programar para implementá-lo no seu tempo. O valor de uma consultoria custa a partir de R$ 220.
Segundo o arquiteto, jovens que estão indo morar sozinhos pela primeira vez são a grande parte de seu público. Como parte do serviço, ainda podem contar com descontos em determinadas lojas de móveis e decoração que têm parceria com o projeto. “Estamos passando por processos de mudança no ‘morar’ relacionados a custo, tamanho e tipo de imóvel, e precisamos adaptar os nossos serviços a essa nova realidade”, destaca Cézar.
Mas outro tipo de público também anda buscando por ajuda na decoração de casa sem gastar muito: casais que vão passar a morar junto, ou já dividiam o mesmo lar, mas agora terão a chegada de um bebê e querem decorar o novo quartinho. Esse é o perfil principal de quem busca os serviços da EasyDeco, segundo conta sua fundadora, a engenheira Miriam Yokoyama.
Como o nome do negócio já diz (easy, em inglês, significa “fácil”), a ideia é ajudar as pessoas a transformarem o seu lar com praticidade e um custo-benefício que vale a pena, além de serem atendidas por profissionais qualificados e de estilo alinhado ao delas. E, como parte da praticidade oferecida, tudo é feito de forma online.
Para quem busca fazer o projeto de um ambiente, o valor a ser desembolsado fica a partir de R$ 499. Outro serviço oferecido, mais simples, é uma conversa com arquiteto que dará dicas para a decoração de um cantinho que já esteja quase pronto, precisando apenas daquele toque final de personalização. Nesse caso, o custo é a partir de R$ 99.
Além disso, a fundadora também sentiu a necessidade de expandir os serviços para além da fase inicial: “Estamos indo na direção de ajudar o cliente também na execução da proposta, com uma rede de marcenarias de confiança homologadas em São Paulo e no Rio de Janeiro”.
Apesar de os serviços online terem se tornado grandes aliados nos tempos de isolamento, há quem ainda valorize a visita de um arquiteto ao ambiente que está sendo transformado. Com possibilidade de atendimento presencial em 16 estados e 20 escritórios parceiros em todo o país, a ArqExpress quer, além de democratizar, humanizar a prestação de serviços de arquitetura e decoração.
“Você diz quanto quer gastar e nós vamos dizer o que você pode fazer” – esse é o lema principal da startup, segundo conta sua fundadora, Renata Pocztaruk. Atendendo famílias que querem transformar o próprio lar, o negócio já entregou mais de 5 mil ambientes em quase seis anos. “Nosso objetivo é atender pessoas que não achavam que poderiam contratar um profissional para isso, seja por preguiça, medo de obra ou de extrapolar o orçamento”, destaca a arquiteta.