Como a taxa Selic interfere na construção civil
Existem diversos índices e taxas que ditam a situação econômica do país, mas com certeza a taxa Selic é a mais importante delas. Isso porque ela influencia diretamente todas as demais taxas de juros no Brasil, seja em financiamentos, empréstimos ou investimentos.
Assim como para todos os setores do mercado, a taxa Selic tem grande impacto na construção civil. Já que ela tem o poder de aquecer ou desacelerar a produção do mercado, impulsionando financiamentos e empréstimos para construtores e compradores, como o crédito imobiliário.
A Selic sofre normalmente flutuações de acordo com a mudança de fatores econômicos. No entanto, durante a pandemia da COVID-19, a taxa sofreu uma queda histórica, atingindo 2%, aquecendo o mercado imobiliário
Porém, após essa queda e um período de estabilidade, a Selic voltou a ter alta, chegando hoje a 6,25% ao ano. Assim, a previsão é que ela continue aumentando durante os próximos meses.
Sendo uma taxa importante, que interfere em diversos setores, os profissionais da construção precisam conhecê-la e acompanhar suas variações. Assim, é possível aumentar as chances de sucesso e ter uma melhor projeção de investimentos.
O que é a taxa Selic?
O Sistema Especial de Liquidação e Custódia, ou taxa Selic, é o índice básico de juros da economia brasileira. Ela é administrada pelo Banco Central, que negocia títulos públicos federais.
A Selic influencia diretamente em todas as outras taxas praticadas no país, sejam as cobradas por bancos ou as que um investidor recebe.
Assim, ela dita o comportamento dos juros de empréstimos, financiamentos e outras transações bancárias. Além disso, a Selic ajuda a regular a inflação, garantindo o controle da emissão, compra e venda de títulos públicos.
Há uma relação intrínseca entre a taxa Selic e o estímulo ao consumo ou ao investimento.
De maneira geral, quando a taxa sofre queda, há um aumento na compra de crédito, impulsionando o consumo. Do contrário, quando a Selic está em alta, o momento se torna mais propício para investimentos
Em outras palavras, quando a taxa Selic cai, os juros dos bancos tendem a ser menores, estimulando o empréstimo de dinheiro. Já quando a taxa sobe, os juros ficam mais altos, favorecendo a queda da inflação e aumentando os lucros de investimentos.
Qual o histórico da taxa Selic?
No começo do Plano Real, entre 1996 e 1997, a taxa Selic ficou abaixo dos 2%.
No entanto, ela sofreu forte alta no final dos anos 90, chegando a 45% em 1999, por conta da alta inflação e da transição das taxas TBC e TBAN. Depois a Selic caiu até o patamar próximo de 19% e se manteve estável até 2006.
Em 2014, teve mais quedas, mantendo-se próxima dos 10% a.a., flutuando levemente para cima e para baixo. De 2014 até 2016 ela teve uma alta significativa, alcançando 14%. Mas, desde então, a taxa vem operando em baixa acentuada, chegando ao patamar histórico de 2% em 2020 e começo de 2021, e depois subindo para 6,25%.
Como é definido o valor da taxa Selic?
A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) se reúne para discutir a meta da taxa Selic. Com isso, o Banco Central movimenta os títulos públicos para manter a taxa de juros próxima à meta. As reuniões duram em torno de dois dias e as mudanças na taxa são embasadas por dados concretos.
Segundo o próprio BC, os membros do COPOM assistem apresentações técnicas feitas pelo corpo funcional do banco. Nelas, são apresentados dados sobre a evolução e perspectiva das economias brasileira e mundial. Além disso, são mostradas as condições de liquidez e de comportamento do mercado.
Na decisão do COPOM, são levadas em consideração ainda as expectativas da inflação, o balanço de riscos e a atividade econômica no país. Assim, o BC pode agir de forma a garantir a taxa Selic que consiga cumprir a meta da inflação.
Como a taxa Selic interfere na construção civil?
Como a taxa Selic influencia nos juros de financiamentos e empréstimos oferecidos pelos bancos, ela acaba por interferir no mercado da construção. Isso porque, com juros mais baixos, se torna mais atrativo pedir crédito emprestado para construir ou para comprar imóveis.
Assim, quando a taxa Selic mantém-se baixa, há uma tendência de aquecimento no mercado, com mais empreendimentos sendo construídos. Dessa forma, aumentando as vendas, inclusive, de programas habitacionais como o Programa Casa Fácil.
Com juros mais baixos e maior disponibilidade de crédito pelos bancos, a procura por imóveis tende a aumentar. Além disso, é nos momentos em que a taxa Selic está baixa que os investidores conservadores tendem a comprar imóveis.
Já quando a taxa Selic está em alta, a tendência é um menor consumo por parte das famílias e um estímulo à queda de preços. Isso porque as taxas de juros sobem, dificultando o acesso à empréstimos de créditos, tanto por pessoas físicas como jurídicas.
Na construção civil, um aumento da taxa Selic é sentido principalmente a médio prazo, afetando a venda de empreendimentos em construção. Por isso, de maneira geral, vemos que, com a taxa Selic em alta, o setor tende a desacelerar e acaba forçado a diminuir os preços dos imóveis.
Qual a previsão da taxa Selic para os próximos anos?
Já era esperado que, depois da queda histórica, a taxa voltasse a subir para patamares mais altos. A estimativa é que até o final do ano a taxa se encontre próximo aos 8%. Já para 2022, a previsão é que ela suba para 8,50%, uma alta tímida.
No entanto, as expectativas para 2023 e 2024 é que a taxa volte a cair, chegando perto dos 6% ao ano.
Como vimos, a taxa Selic afeta diretamente os financiamentos para a construção e para a compra de imóveis. Assim, os profissionais da construção precisam conhecer seu significado e ficar atentos às suas variações.
Dessa forma, é possível saber quando é o melhor momento para investir na construção de um novo empreendimento, possibilitando que as empresas de construção civil estejam prontas para aproveitar ao máximo as chances de sucesso no período de pós pandemia.