O que é o tal ‘asfalto morno’ que algumas cidades brasileiras usam nas vias públicas?

O Brasil é um país com tamanho praticamente continental, como bem sabemos. E a sua malha viária é de extrema importância para a economia, visto que temos uma deficiência histórica de ferrovias, além de que o transporte aéreo e marinho é muito caro e inviável para alguns tipos de cargas e rotas. Por isso, ruas e estradas do nosso território precisam passar por manutenções rigorosas constantes. Mas uma das preocupações dos engenheiros é como fazer essas melhorias de pavimentação através de processos mais sustentáveis, aliada à uma perspectiva de vida útil mais longa para os revestimentos.

asfalto morno

O uso do asfalto morto no mundo

Como você pode imaginar, essa questão é mesmo bastante complexa. Mas, dentre diversas alternativas consideradas, as chamadas misturas asfálticas mornas, em comparação a processos tradicionais, têm se mostrado de melhor potencial até agora, cumprindo os objetivos básicos traçados pelos pesquisadores. Seria uma mistura morna, bem como diz o nome, com menos viscosidade do ligante asfáltico – algo que se consegue por meio de aditivos ou processos físicos de modificação do ligante, entre outros mecanismos. A saber, sua usinagem passa por espumação do asfalto por adaptação das próprias usinas com incorporação de câmaras de expansão e bicos injetores.

asfalto morno

Essa tendência do asfalto morno começou em países como Estados Unidos, Inglaterra, Itália e França. Aqui, no Brasil, essa técnica de engenharia ficou mais popular por volta do final dos anos de 1990, com obras como a BR-277, no Paraná. E agora muitas cidades, por meio de projetos de suas secretarias municipais de serviços urbanos, têm usado esse tipo de asfalto para manutenção e conservação de vias públicas. Com relação aos projetos do governo federal, a ideia é ampliar isso para dar um salto na produtividade da economia, melhorando as condições do setor rodoviário nacional.

Os motivos que levam o Brasil a apostar no asfalto morno

Explicando melhor, o material mais usado atualmente para manutenção de vias no mundo é o Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), que precisa ser operado em altas temperaturas. O asfalto morno – ou Warm Mix Asphalt, no inglês – possibilitaria, portanto, a otimização das operações com esse concreto por conta de sua característica intrínseca, permitir a usinagem e compactação a temperaturas menores do que as usuais. E quais as vantagens disso? Listamos algumas:

  1. Diminuir os efeitos de envelhecimento impostos ao ligante asfáltico durante a usinagem do concreto.
  2. Aumentar a vida útil dos pavimentos.
  3. Aumentar o tempo de percurso da massa asfáltica, permitindo que a massa de concreto seja transportada por um período de tempo maior, da usina para o local da obra, evitando que haja perda de qualidade final do serviço;
  4. Reduzir a viscosidade do ligante, garantindo complicações reduzidas sem perda significativa na trabalhabilidade da massa.
  5. Permitir a compactação de vias e em temperaturas menores do que as usuais.
  6. E permitir a compactação em dias frios – inclusive com menos de 10 graus, algo comum no sul do Brasil. Isso permitiria abrir uma janela de horários de trabalhos bem maior, o que traria mais produtividade para os serviços, que poderiam começar cedo pela manhã, inclusive no inverno.

asfalto morno

Então, se as obras de manutenção de ruas e estradas podem ser realizadas mais rápidos e sem necessidade de retrabalhos, só se colhe benefícios com a aposta. Por exemplo, menos bloqueios no trânsito. Aliás, a razão de classificar o asfalto morno como sustentável é porque o acréscimo dele na massa de concreto faz aumentar essa vida útil dos pavimentos, reduzindo a emissão de CO2 e NO2. E é esse tipo de olhar que precisamos ter para o uso de materiais na Engenharia, pensar que o retorno positivo para o meio ambiente é justamente por essa questão de ser mais durável.

Fonte: Engenharia360