Na quinta-feira (9) o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu para os empresários do setor de supermercados segurarem novos aumentos de preço até 2023, e o presidente Jair Bolsonaro requisitou uma redução de 1% nos valores, ao longo da cadeia. Representantes do segmento de material de construção não veem espaço para uma demanda parecida, e afirmam que já estão evitando novos aumentos.
“Nós já estamos segurando o preço, e não porque escolhemos fazer isso, mas porque o consumidor não tem dinheiro para pagar”, afirma Geraldo Defalco, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).
>Segundo ele, os primeiros dias do mês têm tido procura similar à de 2019, antes da pandemia, mas a demanda despenca após o quinto dia útil. “O único jeito que temos de não fazer repasse [de preço] para o consumidor é comprar menos da indústria, para que ela perceba que não está dando e também aperte do lado dela,” diz.
Defalco, porém, analisa que o governo tem se saído bem na condução econômica e que o país poderia estar muito pior. “É algo difícil e que ainda vai levar tempo para ser arrumado, não pelas atitudes do governo, mas por conta do cenário [mundial] todo”, afirma.
O presidente da entidade ressalta que material de construção não é prioridade para o consumidor, que pensa primeiro em alimentação, remédios e combustível, o que significa que a recuperação do poder de compra será mais demorada.
Em nota, a Amanco Wavin, que fabrica tubos e conexões, informou que, neste ano, até o momento, não teve impactos significativos de preço dentro do setor, “e os que tivemos, conseguimos absorver a maior parte, repassando a menor fatia possível aos clientes e consumidores”.
A empresa lembrou que os preços dos insumos da indústria de material de construção são afetados por fatores externos, como a escassez de resina de PVC, registrada no ano passado, e o preço do petróleo, já que o plástico é feito com resinas derivadas do produto.