Construção deve crescer 2,4% na América do Norte em 2022

GlobalData revisa projeções para baixo na esteira do aumento dos preços de materiais e altas seguidas das taxas de juros

De acordo com o relatório “Global Construction Outlook to 2026 – Q2 Update”, a previsão de crescimento da construção na América do Norte foi reduzida de 4,5% para 2,4% neste ano.

A considerável revisão para baixo deve-se principalmente à produção real em nível inferior ao esperado no 1º trimestre do ano, com queda de 6,6% em relação ao ano anterior.

Embora a produção da construção na América do Norte deva chegar a US$ 1,94 trilhão, a recuperação é menor do que o esperado, aponta a GlobalData, destacando o impacto do aumento das taxas de juros e dos preços dos materiais.

“A indústria norte-americana de construção permaneceu relativamente estável ao longo da pandemia e foi a única região a apresentar crescimento positivo em 2020”, afirma Jack Riddleston, analista de construção da GlobalData.

“Em grande parte, o crescimento foi apoiado pela rápida expansão no setor residencial, que compensou as contrações em todos os outros setores”, acrescenta.

Nos últimos dois anos, a indústria de construção dos EUA contraiu 1% (2021) e 2,1% (2022), sofrendo os efeitos do ambiente macroeconômico muito mais que o Canadá, que deve manter grande parte do impulso de crescimento deflagrado a partir de 2021, crescendo 4% em 2022.

A inflação tem sido galopante em toda a região da América do Norte, tendo alto impacto na produção da construção, com as fragilidades na cadeia de abastecimento exacerbadas pelo advento da guerra na Ucrânia e aumento dos custos dos materiais.

Como resultado, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) nos EUA subiu 8,6% nos últimos 12 meses, em maio de 2022, situando-se em seu nível mais alto desde 1981.

“O aumento dos preços dos materiais e a escassez de mão de obra estão causando aumentos e atrasos significativos nos custos dos projetos, reduzindo o financiamento disponível para novos projetos”, acrescenta Riddleston.

Em resposta aos altos níveis de inflação, o Banco do Canadá e o Federal Reserve (Fed) decidiram apertar agressivamente a política monetária.

O Fed anunciou o terceiro aumento consecutivo das taxas em quatro meses, após níveis de inflação excessivamente altos, elevando as taxas de juros de 0,75% para 1,75% em 15 de junho.

“Uma postura mais aguerrida por parte do Fed aumentou o medo de que a economia dos EUA mergulhe em uma recessão”, aponta o especialista.

“O aumento do custo dos empréstimos, além dos problemas da cadeia de suprimentos, que já prejudicam a economia, correm o risco de reduzir a produção”, avalia.

O setor de construção residencial, diz ele, deve sentir o peso do aumento das taxas de juros à medida que o custo do empréstimo aumente e a renda real seja espremida.

“O setor tem se beneficiado de uma política monetária expansionista nos últimos dois anos, quando as taxas hipotecárias foram reduzidas a novos patamares, ajudando a impulsionar a demanda habitacional”, completa.

Pelo lado positivo, o investimento contínuo em infraestrutura, os programas de investimento público, como a Lei de Investimento em Infraestrutura e Emprego, e o foco contínuo nas metas ‘Net Zero’ devem impulsionar o crescimento nos setores que tiveram desempenho abaixo do esperado durante a pandemia.

“As perspectivas para a América do Norte melhorarão, pois as pressões inflacionárias e as interrupções da cadeia de suprimentos provavelmente diminuirão e os gastos federais provavelmente serão realizados no final de 2022 e início de 2023”, conclui Riddleston, projetando um resultado positivo 3,7% em 2023.

Fonte: Grandes Construções