Com dificuldade em receber equipamentos importados, Mills aposta na linha amarela para manter crescimento
CEO e CFO da companhia participaram de live do InfoMoney e falaram sobre repasse de preços, aumento da Selic e novas fusões e aquisições no radar
O estresse na logística internacional originado em 2020 com a pandemia de coronavírus ainda continua em alguns segmentos. A Mills (MILS3), empresa especializada em locação de plataformas elevatórias e construções de alta complexidade no Brasil, tem enfrentado dificuldade em receber máquinas compradas em 2021.
Mesmo assim, a companhia conseguiu ampliar em 217,2% seu lucro líquido no segundo trimestre deste ano, na comparação com igual período do ano passado, para R$ 63,2 milhões. Já a receita líquida avançou 43,7% na base anual, para R$ 247,6 milhões.
Na visão de Sérgio Kariya, CEO da Mills, há muito espaço de crescimento para a companhia devido à baixa penetração de equipamentos no país. E a empresa aposta, agora, na linha amarela (de equipamentos como escavadeiras e retroescavadeiras), depois de ter adquirido, no mês passado, a Triengel.
“Nossos fornecedores de plataformas elevatórias são 100% internacionais. A gente compra de fabricantes canadenses, americanos ou franceses. Só para vocês terem uma ideia, nós fizemos um pedido em julho de 2021, a gente deveria estar recebendo praticamente a partir de março lotes fixos de máquinas até o final deste ano, mas a gente recebeu até o momento apenas 220 máquinas, 16% do meu lote, mais ou menos”, disse Kariya.
“É fruto de falta de contêineres ou contêineres mais caros, falta de chip, teve crise também de borracha, que afetou a cadeia de pneus, que faltaram. O mercado foi obviamente se movimentando, mas ele foi estressado. Ainda para plataformas elevatórias continua estressado”, completou o executivo.
O CEO da Mills disse que no segmento de linha amarela, no qual a empresa acabou de entrar, a situação está mais controlada. “A gente está comprando equipamentos 100% nacionais, escavadeiras, pás carregadeiras, retroescavadeiras etc. E a gente está tendo uma entrega um pouco mais curta. A gente deve começar a receber esse lote orgânico já neste ano”, disse.
Caroline Leonard, CFO da Mills, citou que a melhora no rating da companhia atribuído pela agência internacional Standard & Poor’s pode trazer mais alívio financeiro. “A gente entende que é uma oportunidade de rever o custo da dívida e a gente constantemente olha oportunidades de reestruturação e ‘reperfilamento’ da dívida. Não só nas empresas adquiridas, que normalmente vêm com um custo de capital mais alto, mas nas dívidas existentes também”, disse.
Os executivos falaram ainda sobre possibilidade de novas fusões ou aquisições, investimentos, recompra de ações, remuneração ao acionista, impacto do aumento de juros na demanda, repasse do aumento de custos nos preços dos clientes e políticas ESG (meio ambiente, sustentabilidade e governança).