Crédito imobiliário registra queda de 12,8% em comparação anual

Em dezembro de 2022, os financiamentos totalizaram R$ 14 bilhões. Em 2021, esse número foi de R$ 179,2 bilhões

A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) divulgou uma apuração que registra queda significativa no volume de financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) na comparação anual.

Em dezembro de 2022, o total de financiamentos resultou em R$ 14 bilhões, indicando estabilidade em relação ao mês anterior — considerando que a variação foi de apenas 0,2%. Entretanto, ao comparar a apuração com o mês de dezembro do ano anterior, a variação indica queda de 16,4%.

Apesar do declínio, o número representa o terceiro maior volume para um mês de dezembro na série histórica. Ainda assim, considerando o acumulado entre os meses de janeiro e dezembro de 2022, de R$ 179,2 bilhões, a quantidade de financiamentos encarou uma redução de 12,8% em relação a igual período de 2021.

“Tivemos em 2021 um recorde histórico no pico da retomada da pandemia”, explicou o presidente da Abecip, José Ramos Rocha Neto, ao pontuar os motivos da desaceleração.

UNIDADES FINANCIADAS

O total de imóveis financiados com recursos da Poupança em dezembro de 2022, nas modalidades de aquisição e construção, é de 49,4 mil — 9,4% a mais que em novembro de 2022, e 23,8% a menos que em dezembro de 2021.

O acumulado para o ano, por sua vez, foi de 713,25 imóveis — 17,7% a menos que em 2021.

EXPECTATIVAS

Em nota, a Abecip afirmou que, para 2023, as expectativas são de resiliência para o crédito imobiliário com recursos do SBPE. Acredita-se que as concessões dessa modalidade de financiamento habitacional recuem 13%, para um volume de R$ 156 bilhões. Já as concessões pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) devem subir 5%, para R$ 65 bilhões. Ainda assim, o total relativo às duas modalidades promete produção de R$ 221 bilhões — representando recuo de 8,3%.

A associação explica que o ano de 2022 foi “especialmente desafiador para a Poupança. A inflação, embora inferior à de 2021, continuou elevada, comprometendo o orçamento doméstico e reduzindo a capacidade de poupança de parte das famílias”, analisa a entidade.

“Em uma economia com juros em patamares altos como está, o ambiente deixa de ser propício para o crédito imobiliário. Esperamos uma retomada quando as taxas de juros começarem a baixar. Por hora, imóveis usados devem ter taxas de crescimento e de financiamento maiores”, explicou o presidente da Abecip, José Ramos Rocha Neto.

Para completar, a Selic em patamar historicamente elevado tem beneficiado as aplicações atreladas ao CDI, em detrimento do rendimento das contas de Poupança, o que pode ter provocado remanejamentos de portfólios.

Fonte: AECweb