Setor de máquinas revisa projeção para 2023 e prevê queda de 3,4%
A estimativa apresentada em janeiro e que vinha sendo mantida até agora era de estabilidade em relação a 2022
As vendas de máquinas e equipamentos em maio recuperaram parte das perdas registradas em abril, mas o desempenho do setor apresenta queda de 8,5% no acumulado de 2023. Diante desse cenário, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) revisou para baixo, na última quarta-feira (28), a previsão de receita total para este ano.
A estimativa apresentada em janeiro e que vinha sendo mantida até agora era de estabilidade em relação a 2022, com vendas em torno de R$ 310,4 bilhões. Agora a previsão é de queda de 3,4% na receita total. Se confirmado o índice, será o segundo ano consecutivo de queda. O ano passado fechou com receita 5,9% menor do que em 2021.
Cristina Zanella, diretora de competitividade, economia e estatística da Abimaq, afirma que atual taxa de juros no Brasil, que inibe investimentos em máquinas, e o real valorizado são os principais responsáveis pela piora na estimativa. Com juros altos e restrição de crédito, os fabricantes sentiram o recuo de investimentos em máquinas e queda nas encomendas no mercado interno. Já o câmbio valorizado reduz o ganho das receitas em dólar no resultado final das empresas. A associação trabalhava, no início do ano, com o dólar entre R$ 5,10 e R$ 5,20 para 2023.
Receita acumula perda de 8,5% no ano na comparação com cinco primeiros meses de 2022
Balanço de maio mostra receita líquida total no mês de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 10,6% sobre abril, mas queda de 15,6% na comparação anual. No ano, a receita líquida soma R$ 117,5 bilhões, 8,5% a menos do que nos cinco primeiros meses de 2022.
A receita líquida interna foi de R$ 18,3 bilhões em maio, alta de 4,1% sobre abril. Mas sobre o mesmo mês do ano passado houve queda de 23,2%. Com isso, o acumulado do ano de R$ 88,5 bilhões representa recuou de 14,3% quando comparado com o mesmo período de 2022.
A utilização da capacidade instalada do setor em maio deste ano ficou 3,7% inferior ao mesmo mês do ano passado. A carteira de pedidos caiu 6,7% na comparação anual. Hoje são necessárias 10,7 semanas de produção para atender os pedidos. Há um ano os fabricantes precisavam de 11,4 semanas.
O mercado externo tem garantido algum alívio. As exportações em maio voltaram ao patamar de US$ 1 bilhão, depois de pequena queda em abril. No mês passado a receita com exportações somou US$ 1,3 bilhão, crescimento de 35,7% sobre abril e de 22,2% na comparação anual. O acumulado do ano chega a US$ 5,6 bilhões, 23% acima do mesmo período de 2022. Em volume, foram embarcados 11% a mais de máquinas e equipamentos.
Todos os segmentos do setor apresentam expansão no ano e para todos os mercados. O destaque, segundo a Abimaq, são os fabricantes de máquinas para logística e construção civil, que crescem 33,7% em 2023 e representam 30% do total exportado. Em relação ao destino, a América do Sul ficou com 34,8% das exportações do setor até maio. A América do Norte vem na sequência com 33,8%.
As importações também avançam no ano. A receita em maio somou US$ 2,6 bilhões, alta de 27% sobre abril e de 24,8% na comparação anual. No acumulado do ano já soma US$ 11,1 bilhões, crescimento de 24,8% sobre os cinco primeiros meses de 2022. Com isso, a balança comercial do setor está negativa em US$ 5,4 bilhões em 2023, aumento de 27,8% sobre o ano passado.
O consumo aparente (soma da produção local destinada ao mercado interno e importações) foi de R$ 31,7 bilhões em maio, alta de 12% sobre abril e queda de 10,7% na comparação anual. No ano, o consumo aparente está em R$ 148,6 bilhões, perda de 10,7% em relação aos primeiros cinco meses de 2022.
A queda da atividade neste ano acaba atingindo o nível de emprego. O número de contratados pelos fabricantes teve queda de 0,1% em maio em relação a abril. No fim do mês passado o setor empregava 393,3 mil pessoas. Já na comparação com setembro de 2022, quando houve recorde de contratações, o setor cortou 6 mil vagas desde então.