Indústria mostra confiança em 21 dos 29 setores em julho
O ICEI Resultados Setoriais foi divulgado pela Confederação Nacional da Indústria. Economista atribui avanço da confiança no setor ao atual cenário econômico do país
A indústria brasileira segue em um processo de recuperação da confiança. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) Resultados Setoriais mostra que 21 dos 29 setores da indústria estão mais confiantes. De acordo com a pesquisa, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no dia 24 de julho, o avanço registrado em julho ocorreu nas pequenas e grandes empresas, em todas as regiões do país, com exceção da região Norte.
O ICEI aponta que, com o avanço, quatro setores industriais e as indústrias de pequeno porte fizeram uma transição da falta de confiança para a confiança. Oito segmentos tiveram recuo no índice de confiança. Para o economista Hugo Garbe, a redução no número de desempregados e a retomada na renda da população são pontos fundamentais para a melhora no otimismo dos empresários da indústria. Ele lembra que no auge da pandemia de Covid-19 o Brasil contabilizou mais de 15 milhões de desempregados.
“Hoje nós temos 9 milhões de desempregados no Brasil, portanto recuperamos 6 milhões de empregos. A renda da população, a renda das famílias está diretamente ligada ao consumo da indústria. Então, impulsiona essa retomada que nós estamos tendo da indústria e melhora a confiança”, afirma.
Hugo Garbe destaca ainda os recentes avanços na pauta econômica no Congresso Nacional, como a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados e do novo arcabouço fiscal no Senado Federal. O economista aponta a burocracia tributária existente hoje no país como um dos principais fatores que atrapalham o desempenho do setor industrial.
“Para o segundo semestre, a expectativa é positiva. Nós devemos ter uma redução na taxa de juros no Brasil, uma retomada maior e mais forte do emprego e renda, portanto, da economia brasileira e, com esse cenário, devemos ter também uma melhora no setor industrial brasileiro”, explica.
O presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), também atribui o avanço na confiança da indústria ao atual cenário econômico. O deputado enxerga um clima favorável para mudanças na legislação para melhorar o ambiente de negócios no país e impulsionar a retomada não só do setor industrial, mas também da economia brasileira.
“Sem dúvida há um clima de mais otimismo no país. O fato de a inflação ter cedido e, com isso, as expectativas de que ela se mantenha dentro da meta, ou até abaixo da meta, fizeram crescer um ambiente de mais disposição no país para acreditar no futuro. Soma-se a isso o avanço da reforma tributária, destaco ainda a questão do arcabouço, que deverá ser definida logo na primeira quinzena pelo Congresso Nacional, com a sua votação concluída na Câmara dos Deputados, como fatores que impulsionam nesse sentido”, ressalta o parlamentar.
Recorte regional
Em julho, a confiança avançou em todas as regiões do Brasil, com exceção da região Norte. Nordeste e Sul registraram avanços de, respectivamente, 1,3 e 1,2 ponto. Na região Norte, a confiança caiu 0,4 ponto. Com o resultado de julho, com exceção da região Sul, todas as regiões registram confiança, ou seja, estão acima da linha divisória dos 50 pontos que separa a confiança da falta dela.
Confiança da Indústria em julho
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) avançou 0,7 ponto, de 50,4 pontos para 51,1 pontos. O número, acima da linha divisória dos 50 pontos, indica confiança do setor. É o segundo mês consecutivo em que a indústria demonstra confiança. O avanço do índice em julho acontece em função, principalmente, da avaliação menos negativa das condições atuais da economia brasileira e das empresas, segundo a CNI.
Entretanto, apesar do avanço de 1,3 ponto, o Índice de Condições Atuais segue abaixo da linha divisória de 50 pontos, com 45,5 pontos. Já o Índice de Expectativas subiu 0,4 ponto para 53,9 pontos. O número mostra otimismo da indústria para os próximos seis meses.