Mercado doméstico puxa alta no faturamento da indústria de máquinas e equipamentos
Segundo dados da Abimaq, a receita líquida interna de junho teve crescimento de 9,3% em relação a maio, enquanto as exportações tiveram queda de 23,5% no mesmo período
Entre maio e junho deste ano, a receita líquida total de vendas de máquinas e equipamentos teve um crescimento de 0,5%, o que representa uma movimentação de R$ 24,8 milhões no mês. É a primeira vez no ano que a melhora no resultado é puxada pelo crescimento de vendas no mercado doméstico. A receita líquida interna de junho teve aumento de 9,3% em relação a maio, já as exportações tiveram uma queda de 23,5% no mesmo período. Os dados são da pesquisa Indicadores Conjunturais da Abimaq, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.
O índice foi puxado pela ampliação das vendas de componentes para bens de capital, máquinas para infraestrutura e máquinas para logística e construção civil. No acumulado dos últimos 12 meses, porém, a indústria de máquinas e equipamentos ainda apresenta queda de 8%. A área de infraestrutura, inclusive, é uma das apostas para o crescimento do setor no segundo semestre deste ano, a fim de recuperar os números negativos do começo de 2023, como explica a diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella.
“De forma geral, a gente prevê para o segundo semestre um crescimento na ordem de 13%, em relação ao primeiro semestre. Isso deve gerar um resultado negativo para o final do ano de 3,4%. A gente está apostando num crescimento na área da infraestrutura, isso tem muita relação com programas de governo para a área de infraestrutura, com as ações já feitas, por exemplo o marco regulatório do saneamento, várias obras estão em andamento. Então, isso já tem resultados positivos”, afirmou.
Modernização de maquinário
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que as máquinas e equipamentos utilizados pela indústria brasileira têm, em média, 14 anos de idade. O levantamento mostra que 12% do parque industrial é herança das décadas de 1980 e 1990, o que tende a gerar mais custos de manutenção e paralisação da produção.
Sobre a idade das máquinas e equipamentos dos parques industriais brasileiros e os prejuízos que isso pode ocasionar, a diretora da Abimaq Cristina Zanella afirmou: “Isso é bastante preocupante, uma idade muito elevada. Isso provoca inúmeros fatores negativos para a economia, baixa produtividade, que relaciona ao baixo crescimento que a gente está vendo agora, baixa competitividade. São vários fatores que hoje a gente vê, que está disponível aí, e tem relação com isso”, explicou.
Para modernizar o setor, a gerente de Estratégia e Competitividade da CNI, Maria Carolina Correia Marques, apoia políticas públicas favoráveis às indústrias. “A nossa expectativa é que o governo, ao elaborar políticas de descarbonização, de digitalização, contemple essa variável do parque industrial antigo e preveja condições favoráveis para o investimento da indústria. Isso significa um ambiente macroeconômico estável e previsível, que permita às indústrias antecipar que a sua demanda vai continuar firme, para que elas possam fazer empréstimos para comprar essas máquinas, equipamentos novos e, principalmente, condições favoráveis de financiamento, para que as indústrias possam adquirir essas máquinas e substituir as antigas”, destaca.
O governo federal anunciou um investimento que pode chegar a R$ 15 bilhões nos próximos anos para modernizar o parque industrial brasileiro. A expectativa dos ministros do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e da Fazenda, Fernando Haddad, é que o programa comece em 2024.