Alta no preço dos imóveis faz financiamento crescer e atingir R$ 1,5 bilhão no Ceará

Apesar do aumento no volume financeiro financiado, houve queda no total de imóveis financiados no estado

O volume de crédito cedido em financiamentos imobiliários no primeiro semestre deste ano teve aumento de 7% no Ceará em relação a igual período do ano passado. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), divulgados nesta sexta-feira (28).

Ao todo, foram financiados R$ 1,5 bilhão durante os seis primeiros meses de 2023, considerando apenas empréstimos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Apesar do aumento no valor, houve queda no número de unidades financiadas no período.

Enquanto no primeiro semestre de 2022 foram financiadas 6.132 unidades no Estado, neste ano foram 5.294 unidades, uma redução de 16,4%. Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon), Patriolino Dias, o movimento é explicado pelo menor número de entregas durante o período.

Considerando o cenário nacional, os financiamentos imobiliários atingiram R$ 117,8 bilhões, um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2022, quando unidos os recursos de cadernetas de poupança e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

REDUÇÃO DE UNIDADES FINANCIADAS NO CEARÁ 

Patriolino Dias explica que a queda no número de unidades é explicada por uma sazonalidade nas entregas do mercado imobiliário cearense. O número de financiamento considera apenas os imóveis prontos e, como o ciclo da construção civil é longo, normalmente as unidades só ficam prontas 3 ou 4 anos depois dos lançamentos.

A gente teve uma crise de 2015 a 2019, que tínhamos um estoque muito grande e o momento de retomada dos lançamentos era 2020. Como teve a pandemia, esses lançamentos foram postergados. A maioria foi lançada em 2021, então esse ano provavelmente mais para o final do ano e ano que vem que vamos ter essa leva de entregas, que vai refletir no número da Abecip”.

PATRIOLINO DIAS
Presidente do Sinduscon

Apesar da queda no número de unidades, o aumento no volume de financiamentos é explicado pela valorização dos imóveis, puxada também pelo aumento nos custos do setor, conforme Patriolino. A perspectiva, segundo ele, é que o cenário melhore uma vez que as taxas de juros comecem a baixar.

Para o conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE) Ricardo Coimbra, os juros elevados também explicam os dados.

“Isso deve estar muito relacionado com os juros em um patamar elevado, a taxa Selic e do segmento imobiliário em um patamar elevado vem dificultando o acesso à aquisição dos imóveis. E o volume em um patamar elevado deve ser também em detrimento do valor dos imóveis, a inflação eleva o preço médio dos imóveis e os juros em um patamar mais elevado retrai o quantitativo das operações”, coloca.

A expectativa é que a Selic já tenha queda na próxima semana, após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

EXPECTATIVAS PARA 2023 

A Abecip projeta que o volume de financiamentos imobiliários com recursos da poupança SBPE chegue a R$ 156 bilhões no fim do ano. O volume é 13% inferior ao de 2022, mas deve se situar entre os três melhores resultados da história.

Quanto ao financiamento com recursos do FGTS, a expectativa é de alta de 32% em relação a 2022, alcançando R$ 82 bilhões. A perspectiva é colaborada pela recente suplementação do orçamento habitacional para este ano, em quase R$ 29 bilhões.

Confirmadas as projeções, o volume total dos empréstimos (SBPE mais FGTS), deverá totalizar cerca de R$ 238 bilhões para 2023, redução de 1% sobre o aplicado em 2022.

Fonte: Diário do Nordeste