Venda de imóveis cresceu quase 10% no semestre

São Paulo, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Bahia apresentaram variações mensais em setembro superiores às de agosto

De acordo com dados divulgados pelo indicador da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc)-Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a venda de novos imóveis comercializados no Brasil teve um aumento de 9,8% nos primeiros seis meses de 2023, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Em valores, isso significa que o setor cresceu 12,2% e movimentou R$ 19,3 bilhões só no primeiro semestre. Para a segunda metade do ano, a expectativa é de que esse número continue crescendo, tendo em vista o cenário do mercado imobiliário no país, sobretudo após a queda da Taxa Selic.

Já o Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R), da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) manteve elevação na variação mensal em 0,88% e desaceleração no resultado acumulado em 12 meses.

O indicador teve uma elevação de 0,88% em setembro, superando a do mês anterior (0,70%), mas registrou novamente uma desaceleração no resultado acumulado em 12 meses, passando de 10,81% em agosto para 10,28% nessa última leitura.

Entre as 10 capitais analisadas, seis (São Paulo, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Bahia) apresentaram variações mensais em setembro superiores às verificadas em agosto, porém todas reproduziram o resultado da média nacional sob a perspectiva das variações acumuladas em 12 meses, desacelerando em relação aos resultados de agosto.

Em termos da comparação das variações das médias dos primeiros três trimestres do ano em relação às médias dos respectivos trimestres imediatamente anteriores, o resultado nacional mostrou uma queda entre o primeiro e segundo trimestres (1,48% no segundo trimestre contra 2,66% no primeiro trimestre), mas uma elevação no terceiro trimestre (1,86%) em relação ao resultado do segundo trimestre.

A análise desses resultados revela uma tendência de convergência nas variações dos preços dos imóveis residenciais entre as dez capitais. Porto Alegre, por exemplo, apresentou o maior crescimento entre todas as capitais no primeiro trimestre (3,81%), porém o menor no terceiro trimestre (0,88%). No outro extremo, Curitiba, onde foi observado o segundo menor crescimento entre as capitais no primeiro trimestre (1,90%), registrou a maior elevação entre todas no terceiro trimestre (2,55%). Essa convergência aparece na perspectiva das elevações acumuladas em 12 meses, onde as 10 capitais mostram resultados em torno de 10%, sendo o menor em Belo Horizonte (9,03%), e o maior em Porto Alegre (11,21%).

As perspectivas do setor na opinião dos empresários consultados pela Sondagem da Construção Civil (Ibre-FGV) ainda refletem incertezas acerca do nível de atividades em geral da economia brasileira nos próximos meses. Por um lado, o quesito demanda prevista para os próximos três meses manteve na última leitura a tendência de crescimento observada desde o início do ano. Por outro, o quesito tendência dos negócios, que avalia a percepção de situação geral dos negócios para as empresas nos próximos seis meses, mostrou piora significativa no último resultado. Essa expectativa, a despeito do início de um ciclo de queda nas taxas de juros e da resiliência do mercado de trabalho, pode refletir alguns indicadores recentes de desaceleração no nível de atividades em geral, como a queda na arrecadação de tributos e o desempenho do setor de serviços.

Nesse contexto, a tendência dos preços dos imóveis residenciais nos próximos meses parece de continuidade da desaceleração dos resultados tanto em termos nominais quanto reais, caracterizando uma acomodação após o ciclo de elevação entre meados de 2021 e 2022.

Fonte: Monitor Mercantil