Conheça soluções acústicas que melhoram o conforto em restaurantes

Usar materiais que absorvem os ruídos internos é a maneira mais eficiente de tornar um estabelecimento acusticamente agradável. Forros, mobiliário e revestimentos estão entre as opções.

Debates sobre acústica são comuns em projetos de discotecas, teatros ou cinemas, porém, o tema fica de lado em outros tipos de empreendimentos, como os restaurantes. Mesmo com o alto índice de ruídos gerados pelas conversas ou bater de pratos e talheres, quase sempre as soluções acústicas não recebem do arquiteto a atenção necessária.

“Geralmente, o assunto é negligenciado. Isso pode acontecer por falta de conhecimento, esquecimento, ou ainda, para tentar economizar evitando a compra e instalação de materiais”, enumera o engenheiro Davi Akkerman, sócio-diretor da Harmonia Davi Akkerman + Holtz. No entanto, nenhum dos argumentos justifica a ausência de soluções simples, capazes de melhorar significativamente o conforto acústico.

OPÇÕES DISPONÍVEIS

O forro pode ser considerado o mais importante recurso arquitetônico quando o assunto é conforto acústico

Davi Akkerman

Nos restaurantes, o forro é elemento de grande destaque. “Pode ser considerado o mais importante recurso arquitetônico quando o assunto é conforto acústico”, diz o especialista. O material tem a capacidade de absorver os sons dos ambientes internos, além de melhorar o tempo de reverberação dos ruídos. Outra característica da solução é reduzir a transmissão do som entre um pavimento e outro, ideal para empreendimentos com mais de um andar.

O ideal é que o forro seja especificado por profissional especialista em acústica e, de preferência, no início do projeto. O mercado atual oferece produtos que alcançam até 90% de absorção sonora, sendo que o modelo correto é determinado com base em cálculos e análises do tipo de ruído que será gerado no ambiente. O desempenho final da solução dependerá de sua espessura, montagem e acabamento.

Além do forro, existem outras maneiras de minimizar a propagação de ruídos, como otratamento de pisos e paredes, além do controle dos sons emitidos por equipamentos (ar-condicionado, exaustores, entre outros). “Também são ações interessantes o distanciamento entre mesas, limitando o número de pessoas, e o uso de elementos suspensos na volumetria do salão, com características de absorção sonora e/ou difusora”, recomenda Akkerman.

A especificação do mobiliário também interfere diretamente no conforto acústico do restaurante. “Principalmente as cadeiras, que podem ser estofadas ou não”, comenta o engenheiro. Apesar de serem mais caros, os assentos com almofadas têm a capacidade de absorver parte do ruído, além de proporcionar mais conforto ao cliente.

REVESTIMENTOS

Aplicados de maneira aparente ou escamoteados, os revestimentos acústicos também podem integrar o projeto de restaurantes. Assim como o forro, o material é capaz de reduzir a reverberação do ruído no ambiente interno. Outra vantagem é que alguns elementos, como alã mineral ou lã de PET, apresentam propriedades de isolamento térmico, sendo interessantes para paredes que separam a cozinha do salão de refeições.

Os revestimentos acústicos devem sempre ser especificados por profissional especialista em acústica. Afinal, simplesmente adquirir o “melhor” produto do mercado e instalá-lo na edificação não é sinônimo de bom desempenho. Nos restaurantes, é preciso optar por materiais que sejam capazes de absorver ruídos que estejam na faixa de frequência entre200 e 2000 Hz, a mais comum neste tipo de ambiente.

QUANDO USAR?

Sob o ponto de vista acústico, todas as soluções podem ser integradas a qualquer projeto de restaurante. “Não há contraindicação”, fala Akkerman. Além das características básicas do empreendimento, outros detalhes precisam ser estudados antes de definir as soluções ideais. “Estética, manutenção, higiene e comportamento em caso de incêndio são alguns desses itens”, complementa.

Já a grande desvantagem que qualquer uma das soluções apresenta é a necessidade de investimentos maiores. Além de contar com consultor especialista em acústica, o responsável pela obra deve adquirir os materiais e providenciar a instalação. Com isso, o custo total do projeto acaba sendo elevado. No entanto, os valores se justificam pelo conforto proporcionado a clientes e funcionários.

Espuma sob as mesas

É comum alguns restaurantes colarem espumas sob todas as mesas, visando a absorver os ruídos. No entanto, a técnica não apresenta desempenho expressivo. “Trata-se de um mito”, destaca o especialista, indicando que a intervenção resulta em números insignificantes quando analisadas as reais necessidades do projeto acústico.

Ruído externo

A maior atenção do consultor acústico em projetos de restaurantes deve estar na elaboração de soluções que absorvam o som gerado internamente. No entanto, isso não significa que os barulhos externos precisem ser totalmente esquecidos.

Não se pode esquecer que eventuais barulhos oriundos da vizinhança podem ser extremamente intrusivos dentro do restaurante

Davi Akkerman

Em alguns casos, como em empreendimentos localizados em vias bastante movimentadas, o controle de ruídos vindos da rua também é crítico. “Não se pode esquecer que eventuais barulhos oriundos da vizinhança podem ser extremamente intrusivos dentro do restaurante”, finaliza Akkerman.

Fonte: AECWEB