Setor de construção civil teme ser afetado pela crise dos areeiros
O setor da construção civil em Passos ainda não foi totalmente impactado pela crise na extração de areia no Rio Grande, que corresponde a cerca de 90% da comercialização, incluindo as cidades vizinhas. Todavia, as empresas revendedoras estão cientes de que a situação deve se agravar caso não chova bastante, ao menos até o mês de setembro, para a enxurrada repor o mineral e consequentemente normalizar a captação.
A prolongada estiagem, o baixo nível da água e até os mais de 50 anos de exploração do produto em alguns pontos localizados entre os condomínios de ranchos e chácaras do Porto Velho e Três Ilhas, na divisa com o município de São João Batista do Glória, são os principais motivos alegados pelas quatro empresas passenses responsáveis pela captação diária. A queda já ultrapassa 50% em três extratoras passenses.
“Todos os anos, nesta época, é normal o problema, mas temos notado que pode se agravar ainda mais e não atender a alta demanda por causa do elevado consumo de areia, principalmente na mega obra da cervejaria Heineken. Momentaneamente, estamos chegando quase no limite do fornecimento do preparo de concreto usinado, pré-moldados e na edificação em geral. Para não deixar os clientes na mão, a empresa recorre onde for preciso, nem que aumente o custo ao consumidor”, afirmou o gerente do Grupo CMP, João Pedro Martins.
Talvez a maior empresa do ramo da região, as jazidas de areia no município de Ibiraci, próximo de Franca (SP), tem sido outra opção também, para aquelas que trabalham apenas com o fornecimento de concreto usinado. “Ainda não estamos enfrentando a falta total do produto comprado aos areeiros de Passos, mas há possibilidades de vir a faltar, até mesmo na nossa extratora no Rio São João, em Cássia, porque a captação diária baixou para 50%. Também buscamos nas jazidas ibiracienses quando há necessidade”, frisou o gerente da unidade da Pedreira Cantieri em Passos, Henrique Maximiano.
Outra empresa contactada pela reportagem é a Concretex, também especializada no preparo e comercialização de produto usinado, e o gerente Emerson Maia comentou: “Por hora, estamos com o estoque normalizado, porém a estiagem prejudica a reposição de areia nos rios e ribeirões. É óbvio que vai chegar o dia do trabalho constante das dragas cessar de vez. Então o jeito é encontrar alternativas, como trazer o mineral extraído do barranco, retirado em terra firme e distante da água, como há lá em Ibiraci”.