Falta de capacitação em gestão prejudica setor de máquinas e equipamentos

Setor espera crescer 19% este ano em Minas Gerais, maior que a projeção nacional que é de 12%

A alta demanda proporcionada pelo boom da construção civil tem impactado positivamente e trazido bons negócios para o setor de locação de máquinas e equipamentos em Minas Gerais. O setor espera crescer 19% no Estado este ano. A expectativa é maior que o crescimento esperado no País, porém, a falta de capacitação em gestão é apontada como principal desafio do setor.

De acordo com o gerente executivo do Sindicato das Empresas Locadoras de Equipamentos, Máquinas, Ferramentas e Serviços Afins do Estado de Minas Gerais (Sindileq), Allan Rodrigues, em 2023, as empresas de locação em Minas Gerais faturaram R$ 6,8 bilhões e, este ano, esperam faturar R$ 8,1 bilhões.

A expectativa é maior que as projeções de crescimento nacional. Em todo o Brasil, o setor espera uma alta 12% nos negócios de locação. A previsão é que o faturamento nacional saia dos R$ 25 bilhões apurados em 2023 e alcance os R$ 28 bilhões ao término deste ano. “Minas é o segundo mercado locador no País e estamos tendo um volume grande de investimentos em infraestrutura e construção. Fazemos parte dessa cadeia produtiva que está em alta”, diz o gerente executivo do Sindileq.

A construção civil é o principal cliente do setor de locações que atende ainda outras áreas importantes como o agronegócio, a indústria e a mineração. Cerca de 70% das locações realizadas em Minas Gerais provem da construção civil. “Enquanto eles estiverem crescendo, a locação de equipamentos cresce junto”, pontua Rodrigues.

Crédito facilitado contribui com alta dos preços

Porém, o mercado aquecido também tem trazido novos desafios para o setor. Conforme informado pelo gerente executivo do Sindileq, a alta procura pelos equipamentos tem gerado uma inflação no preço das máquinas e ferramentas em geral por parte dos fabricantes.

Em função da alta demanda, os empresários têm investido na renovação dos equipamentos e contado com uma linha de crédito favorável que vem, em sua maioria, dos próprios fabricantes.   

Conforme informa Rodrigues, das três linhas de máquinas e equipamentos que o mercado de locação atua, apenas a de máquinas pesadas (linha amarela) recebe crédito de bancos e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). “As outras duas, ferramentas elétricas e máquinas leves como betoneiras, o crédito vem direto do próprio fabricante”, explica.

Falta de capacitação em gestão é maior desafio

A falta de capacitação em gestão por parte do empresário da locação é o maior desafio do setor na visão do gerente do Sindileq. “Ele mesmo é responsável pela prostituição do mercado ao fazer preços muito baratos e entender que concorrente bom é concorrente morto”, afirma.

Para ele, falta fortalecimento dos empresários e entendimento que o concorrente é parceiro e não inimigo. “Nosso principal gargalo é a carência de empresários mais bem preparados para poder ter o negócio que têm”, diz Allan Rodrigues. 

No Estado, cerca de 78% das empresas de locação são negócios com até 15 colaboradores. “São empresas pequenas que têm à sua frente empresários que, muitas vezes, não têm capacitação de gestão e entendem que o diferencial competitivo é o preço baixo. Se você avaliar pelo produto, o de todos é igual. O que agrega valor? Serviço, solução e qualidade de entrega para o cliente”, pontua.

O gestor executivo explica que como o empresário não tem a expertise, ele baixa o preço na intenção de “matar” o concorrente.“É uma concorrência predatória, que é prejudicial para o mercado”, critica.

Ele acredita que as construtoras contribuem com a disputa do preço baixo. “Elas não calculam que se alguém oferece um preço menor, não tem como ser um equipamento de qualidade. O equipamento ruim para a mão de obra, que já é escassa, para também. É um custo muito maior para eles do que pagarem um preço justo para um equipamento bem cuidado”, avalia.

Para contribuir com os empresários, o Sindileq tem focado em capacitação de gestão e fornecido consultoria de negócios. “Queremos conscientizar o empresário que ele tem que melhorar o negócio dele por meio de prestação de serviços e solução de problemas. Locação de equipamento hoje é commodity, todo mundo faz”, finaliza.

Fonte: Diário do Comércio