Entenda como a sustentabilidade está impulsionando o crescimento na construção civil

Itens que oferecem bem-estar aos moradores e geram menos impacto ao meio ambiente ganham cada vez mais espaço

A busca pela sustentabilidade se tornou um pilar importante para o crescimento e evolução das empresas no setor da construção civil. A utilização de práticas sustentáveis, que reduzam os impactos ambientais durante e após uma obra, tem atraído cada vez mais adeptos entre empresários e compradores.

“Entendemos a importância de pensarmos em itens que promovam a sustentabilidade tanto para o cliente final quanto para o processo de construção. Pensamos em como otimizar o uso de matéria-prima, minimizar o desperdício e reutilizar itens, gerando economia e trazendo benefícios ao meio ambiente”, afirma o engenheiro Gustavo Barrio, da Miramar Construtora.

“(Apesar de) ainda não ser fator determinante para compra, alguns clientes demonstram interesse em itens que promovam a sustentabilidade”, diz o engenheiro. “Nossos últimos projetos contaram com infraestrutura para carregamento de carro elétrico. Além disso, tivemos o cuidado de inserir áreas verdes que proporcionassem maior bem-estar”, conta Barrio. “Criamos locais verdes que enriquecem o espaço e oferecem maior conforto. Estes espaços, além de serem harmoniosos visualmente, trazem tranquilidade e bem-estar ao morador. Por exemplo, em 2023, entregamos o Reserva Brasil (em Santos) com árvores frutíferas e horta que enriquecem a experiência do residente com a natureza. Fora isso, nossos últimos empreendimentos foram projetados para serem entregues com infraestrutura para carregamento de carro elétrico, caso do Vianna Home, pronto em 2022”, conta ele.

Diretor da Construtora Macuco, Mateus Teixeira também fala sobre alguns itens já disponíveis em empreendimentos na região. “Há alguns anos, a construtora já entrega os prédios com reaproveitamento da água de chuva, vasos sanitários que gastam menos água, iluminação das áreas comuns toda em led, separação de lixo orgânico e reciclado, elevadores com regeneração de energia e, atualmente, colocamos mais alguns itens, como infraestrutura para carregamento de veículos elétricos e fazenda solar”, conta. “Os clientes já têm essa preocupação sim, porém, podemos dizer que ainda não é um fator tão relevante para escolher um empreendimento, mas sentimos que está crescendo”.

Segundo os empresários do setor, os pontos de recarga para carros elétricos e a instalação de placas fotovoltaicas ganharam espaço nos últimos anos e têm sido cada vez mais procurados pelos clientes.

“Estamos instalando os painéis solares hoje em todos os nossos empreendimentos, assim como pontos de recarga para carros elétricos e captação de água de chuva. Hoje em dia, as pessoas sentem mais a economia na parte elétrica e hidráulica, pois usamos água de chuva para regar jardins e lavar os prédios, por exemplo, e, em alguns edifícios, utilizamos também para as caixas acopladas nos banheiros”, conta o sócio-proprietário da Construtora Engeplus, Roberto Luiz Barroso Filho. “Também deixamos uma maior área verde e permeável nos jardins dos prédios, o que ajuda a refrescar (naturalmente) os prédios”, completa. No portfólio da Engeplus, o edifício Mikonos, por exemplo, conta também com fachada ventilada, que melhora o conforto térmico e tratamento da água de reuso com ozônio.

Alto custo

Todos são unânimes em afirmar, no entanto, que a inclusão de itens voltados à sustentabilidade ainda encarece os projetos.

“Cada item (por exemplo, fazendo solar e recarga para carros elétricos) tem seus requisitos técnicos e de espaço, o que faz com que tenhamos que fazer uma reengenharia no projeto para atender e, assim, geram um custo final maior na obra. Porém, a longo prazo, o prédio ganha e o meio ambiente agradece também”, avalia Mateus Teixeira.

“Infelizmente, no Brasil, há sobretaxa sobre materiais que poderiam ajudar na sustentabilidade, como alguns vidros e cerâmicas que não retêm calor”, lamenta Barroso. “Alguns materiais e equipamentos que evitariam um maior consumo geralmente são importados e acabam sendo sobretaxados, ficando mais caros. Em vez de receberem incentivos, acabam sobretaxados”.

O engenheiro da Miramar Construtora concorda. “Hoje os itens que trazem sustentabilidade, a curto prazo, ainda são custosos. Só conseguimos perceber o impacto a longo prazo. É importante termos incentivos nesta direção para que fique cada vez mais fácil de aplicar este tema em todos os âmbitos, não apenas na construção civil”, conclui Gustavo Barrio.

Fonte: A Tribuna