Fortaleza – CE | quarta-feira 18 de junho de 2025 / 14:44

Fabricantes de máquinas e equipamentos esperam retomada das vendas no agro

“É uma projeção conservadora, já que o preço das commodities, os juros e área de plantio devem permanecer no mesmo patamar. Apenas esperamos não sofrer com a estiagem no ano que vem”, diz o presidente da câmara setorial de máquinas

“É uma projeção conservadora, já que o preço das commodities, os juros e área de plantio devem permanecer no mesmo patamar. Apenas esperamos não sofrer com a estiagem no ano que vem”, diz o presidente da câmara setorial de máquinas e implementos agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão Bastos. Nos primeiros nove meses deste ano, a receita líquida das fabricantes de máquinas pesadas para o campo recuou cerca de 25%, para R$ 45 bilhões. Até setembro, foram vendidas, no total, 38.733 unidades – entre colheitadeiras e tratores -, o equivalente a 72% do registrado no mesmo período de 2023. As vendas de colheitadeiras foram as mais impactadas: caíram 59,3%.

Preço e seca contribuíram para esse quadro, segundo Bastos. Produtores de milho e soja (60% do mercado de máquinas agrícolas) estão sentindo os efeitos da baixa no valor das commodities causada pelo excesso de oferta no mercado mundial, e a estiagem severa contribuiu para reduzir a produtividade e a rentabilidade das lavouras. “Por precaução, o pessoal acaba segurando os novos investimentos em máquinas”, diz o executivo, que também cita a baixa expansão das áreas de plantio ocorrida na última safra. “Em 2025, o cenário deve ser muito parecido, com exceção da estiagem, que esperamos que não se repita”, completa.

Em busca por equilíbrio no mercado, as fabricantes investem na expansão do portfólio de produtos e carteiras de clientes. Na Massey Ferguson, a procura tem sido maior por produtores de cana-de-açúcar, café e citrus. “A agricultura familiar e os pequenos e médios produtores estão apresentando um desempenho sólido devido às múltiplas atividades dentro da fazenda e que ajudam a mitigar riscos em relação à rentabilidade”, conta Rodrigo Junqueira, gerente-geral da AGCO e vice-presidente da Massey Ferguson América do Sul.

Segundo ele, o impacto da retração no mercado foi sentido na área de colheitadeiras. “Mantivemos boa performance com foco em segmentos onde há maior demanda, como tratores de média e baixa potência”, diz Junqueira, que espera maior equilíbrio no setor em 2025. “A demanda por tecnologias que aumentam a eficiência e reduzem custos deve impulsionar o mercado de máquinas.”

Em meio às dificuldades do produtor para pagamento à vista ou juros elevados, consórcios têm sido uma alternativa para aquisição de máquinas. De janeiro a setembro, o número de consorciados cresceu 11,7% sobre o mesmo período de 2023, para 278,6 mil, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). O presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi, diz que a modalidade atraí o produtor devido a facilidades como pagamento das parcelas por safra e o pagamento de meia parcela, além de outras formas para negociação das cotas e aquisição dos equipamentos.

Fonte: Valor | Globo

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