O mercado global da construção civil está passando por uma revolução silenciosa, impulsionada pelas construtechs — startups que utilizam tecnologia para modernizar e otimizar processos tradicionais. Essas empresas estão se consolidando como protagonistas na transformação de um dos setores mais antigos do mundo, combinando eficiência operacional, sustentabilidade e geração de empregos qualificados.
De acordo com dados da Allied Market Research, o valor de mercado das construtechs foi avaliado em US$ 10,5 bilhões em 2022, com projeções de alcançar US$ 25,6 bilhões até 2030. Esse crescimento impressionante é resultado de uma combinação de fatores, como o aumento da urbanização global, a demanda por soluções rápidas e ecológicas, e a necessidade de melhorar a produtividade no setor. Segundo a CB Insights, os investimentos no segmento cresceram 70% entre 2020 e 2023, ultrapassando US$ 4,5 bilhões em aportes.
Uma das principais contribuições das construtechs é a redução de custos e a melhoria da eficiência. Tecnologias como o BIM (Building Information Modeling) e automações permitem que empresas planejem, monitorem e executem projetos de forma mais assertiva. Um estudo da McKinsey & Company aponta que a adoção dessas ferramentas pode aumentar a produtividade do setor em até 50%, gerando economias globais de aproximadamente US$ 1,6 trilhão anualmente. Esses recursos podem ser reinvestidos em novos projetos, materiais inovadores e colaborações estratégicas ao longo da cadeia de suprimentos.
Além disso, as construtechs estão criando oportunidades em áreas altamente especializadas, como engenharia, arquitetura, automação e logística. Dados do Global Construction Perspectives indicam que o setor deve gerar 100 milhões de novos postos de trabalho até 2030, muitos deles diretamente ligados às inovações trazidas pelas startups. No entanto, essas posições exigem profissionais capacitados, o que tem impulsionado a demanda por mão de obra qualificada, especialmente em áreas como construção industrializada e métodos off-site.
Outro diferencial das construtechs é a capacidade de acelerar a entrega de projetos. Com a industrialização da construção, é possível reduzir significativamente os prazos de execução, oferecendo soluções com excelente desempenho estrutural e termo-acústico. Empresas ao redor do mundo já demonstraram a capacidade de construir edifícios comerciais em poucas semanas, utilizando métodos modulares e integrados. Essa agilidade não apenas atende à demanda por urbanização rápida, mas também permite que países emergentes avancem em infraestrutura de maneira mais eficiente.
A sustentabilidade também é um pilar fundamental no impacto das construtechs. Com o uso de materiais leves e de alto desempenho, reaproveitamento de resíduos e análise do ciclo de vida dos produtos, o desperdício na construção pode ser reduzido em até 60%, conforme dados do World Green Building Council. Além disso, a eficiência energética e o uso de materiais ecologicamente corretos diminuem os custos operacionais a longo prazo, tornando os projetos mais rentáveis e ambientalmente responsáveis.
Os investimentos em construtechs estão se expandindo rapidamente, especialmente em mercados emergentes como Índia e Brasil. Esses aportes criam um ciclo virtuoso, impulsionando economias locais e posicionando as empresas no cenário internacional. Para Marcelo Biagio Laquimia, Diretor de Supply Chain e ESG do Grupo SteelCorp, “as construtechs estão moldando um futuro mais inovador e resiliente para a indústria, combinando eficiência, sustentabilidade e geração de empregos qualificados”.
Combinando tecnologia de ponta, processos otimizados e compromisso com o meio ambiente, as construtechs estão redefinindo o futuro da construção civil. Ao adotar soluções inovadoras, o setor está se preparando para enfrentar os desafios do século 21, desde a crescente urbanização até as demandas por práticas mais sustentáveis.