Os preços dos imóveis novos em Fortaleza alcançaram o maior patamar em dois anos, impulsionados por uma combinação de fatores que incluem aumento da demanda, escassez de terrenos nobres e incentivos à compra da casa própria. De acordo com pesquisa do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) , o preço médio do metro quadrado dos apartamentos econômicos subiu 10% em um ano , chegando a R$ 5.932 em janeiro de 2025.
O fenômeno não se limitou aos imóveis econômicos. Nos demais padrões, incluindo o alto padrão, o preço médio do metro quadrado também registrou alta de 9% , atingindo R$ 12.505 na mesma comparação anual. Bairros próximos à orla, como Meireles , Praia de Iracema e Mucuripe , lideram o ranking dos valores mais altos, com preços médios de R$ 17.946 , R$ 17.008 e R$ 16.259 , respectivamente.
Fatores que explicam a alta nos preços
Para Mário Monteiro , economista e sócio da RPG-Reinfra Consultoria , o aumento dos preços pode ser atribuído, em parte, ao incentivo à compra da casa própria, que liberou uma demanda reprimida no mercado. Além disso, a oferta de terrenos em áreas nobres, especialmente próximas à orla, está cada vez mais escassa.
“Esse aumento de preços não é apenas resultado do aumento da demanda, mas também da oferta restrita. Bairros como Meireles têm poucos terrenos disponíveis, o que pressiona os valores”, explica Monteiro.
Outro segmento analisado na pesquisa foi o de condomínios de casas e sobrados. Embora tenham registrado alta nos últimos dois anos, o preço médio do metro quadrado desses imóveis atingiu seu pico em setembro de 2024 , quando chegou a R$ 7.814 . Já nos loteamentos fechados, houve uma queda no preço médio do metro quadrado, que passou de R$ 1.650 em janeiro de 2023 para R$ 1.560 em janeiro de 2025.
Juros elevados podem frear tendência de alta
Apesar do cenário atual de valorização, Mário Monteiro alerta que a tendência de aumentos nos preços dos imóveis deve perder força nos próximos meses. Com a taxa de juros em patamares elevados e projeções de novas altas em 2025, o crédito imobiliário tende a ficar mais caro, impactando diretamente a capacidade de compra dos consumidores.
“Olhando para o futuro, cabe considerar que os juros estão elevados e há previsão de desaceleração da economia. Isso deve influenciar negativamente o mercado imobiliário”, afirma o economista.
Até mesmo para imóveis fora do padrão econômico, como os voltados para investidores estrangeiros, Monteiro não vê muito espaço para novas altas. “O momento é de incerteza global, e isso pode desestimular investimentos nesse segmento”, acrescenta.
Perspectivas para o mercado imobiliário
A tendência, segundo Monteiro, é de um “resfriamento” no ritmo de valorização dos imóveis. No entanto, a intensidade e a duração desse ajuste dependerão de variáveis macroeconômicas, como a evolução dos juros, a inflação e os custos na cadeia produtiva.
“Temos um cenário de desaceleração econômica e pressão de custos, além de tarifas e políticas comerciais que podem gerar impactos. O mercado imobiliário deve sentir essas mudanças ao longo do ano”, conclui o economista.
Enquanto isso, Fortaleza segue como um dos mercados mais dinâmicos do país, com preços elevados refletindo tanto a demanda quanto as limitações de oferta em áreas estratégicas. Para os compradores, o momento exige atenção redobrada às condições financeiras e ao planejamento de longo prazo.