A construção civil brasileira enfrenta um momento de incertezas, mesmo diante de sinais de recuperação em alguns indicadores. A Sondagem Indústria da Construção, divulgada nesta sexta-feira (28) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em colaboração com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), revela que os empresários do setor continuam pessimistas em relação às condições atuais da economia e das empresas.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) registrou uma pequena alta de 0,3 ponto em março de 2025, atingindo 49,6 pontos. Embora o indicador esteja próximo à linha divisória de 50 pontos – que separa confiança de falta de confiança –, ele ainda reflete um sentimento majoritariamente negativo entre os empresários do setor. Esse cenário já se estende por três meses consecutivos.
Um Panorama Desafiador
Os dados mostram que a percepção sobre os últimos seis meses é predominantemente desfavorável. Para Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, apesar de algumas melhorias pontuais, como os juros mais baixos no início de 2024 e ajustes no programa Minha Casa, Minha Vida, o setor ainda enfrenta desafios significativos. “As taxas de juro elevadas têm pressionado tanto a demanda quanto os custos operacionais, deixando os empresários preocupados com o futuro próximo”, explica.
No entanto, há uma ambiguidade nas projeções dos empresários. Enquanto eles demonstram pessimismo em relação à economia brasileira nos próximos seis meses, muitos estão otimistas sobre o desempenho de suas próprias empresas no mesmo período. Essa dicotomia sugere que, embora o cenário macroeconômico seja desafiador, as empresas enxergam oportunidades específicas para avançar individualmente.
Indicadores de Atividade e Investimentos
Apesar do clima de cautela, alguns números mostram movimentos positivos. O índice de evolução do nível de atividade subiu para 46,9 pontos em março, superando os 43,7 pontos de janeiro e os 46,2 pontos de fevereiro. Além disso, o indicador de empregados também cresceu, alcançando 48,2 pontos, contra 45,6 pontos no mês anterior. Em fevereiro do ano passado, esse índice estava em 46 pontos.
A intenção de investimento, por outro lado, ainda não mostra recuperação consistente. Após cair 3,1 pontos em fevereiro, o indicador registrou aumento de apenas 0,8 ponto em março, chegando a 42,8 pontos. Segundo a pesquisa, o patamar atual permanece abaixo do observado no final de 2024, evidenciando certa hesitação por parte das empresas.
Capacidade Operacional Estável
A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) da indústria da construção manteve-se estável em 67% na passagem de janeiro para fevereiro, repetindo o mesmo percentual registrado no mesmo período do ano anterior. Isso sugere que, apesar das oscilações nos índices de confiança e atividade, a capacidade instalada do setor ainda não foi plenamente explorada.
A sondagem ouviu 296 empresas, divididas entre pequeno (110), médio (126) e grande porte (60). As entrevistas foram realizadas entre os dias 6 e 17 de março, capturando uma ampla visão do setor.
