Fortaleza – CE | terça-feira 17 de junho de 2025 / 23:13

Indústria brasileira registra quinto mês seguido sem crescimento, com variação de -0,1% em fevereiro

Setores como farmoquímicos e automotivos puxam queda, enquanto extrativas e alimentícios impulsionam avanços

A produção industrial brasileira registrou variação negativa de 0,1% na passagem de janeiro para fevereiro, marcando o quinto mês consecutivo sem crescimento. O resultado, divulgado nesta terça-feira (2) pelo IBGE por meio da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), reflete um cenário de menor dinamismo no setor. A indústria acumula uma perda de 1,3% nos últimos cinco meses, eliminando os avanços registrados em agosto e setembro de 2024.

Impactos Econômicos e Estruturais

Segundo André Macedo, gerente da PIM Brasil, o desempenho negativo está relacionado à redução dos níveis de confiança tanto das famílias quanto dos empresários. Entre os fatores apontados estão o aperto na política monetária, com aumentos nas taxas de juros a partir de setembro de 2024, a depreciação cambial – que pressiona custos de produção – e a alta da inflação, especialmente de alimentos, impactando diretamente a renda disponível das famílias.

No confronto com fevereiro de 2024, a indústria apresentou crescimento de 1,5%, o nono resultado positivo seguido na comparação interanual. No acumulado do ano, o setor registra alta de 1,4%, enquanto em 12 meses a expansão chega a 2,6%. Apesar disso, a indústria ainda se encontra 1,1% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas permanece 15,7% abaixo do pico histórico alcançado em maio de 2011.

Desempenho Setorial em Fevereiro

Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis (-3,2%) e semi e não duráveis (-0,8%) lideraram as quedas, revertendo parte dos ganhos observados em janeiro. Já os setores de bens de capital (0,8%) e bens intermediários (0,8%) registraram resultados positivos, com destaque para o avanço contínuo do primeiro, que acumula crescimento de 3,2% nos últimos dois meses.

Dentre os ramos industriais pesquisados, duas das quatro grandes categorias e 14 dos 25 segmentos apresentaram queda. Os impactos mais negativos vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%), máquinas e equipamentos (-2,7%), produtos de madeira (-8,6%) e veículos automotores (-0,7%). O setor farmacêutico, em particular, foi afetado pela volatilidade típica do segmento, além de férias coletivas e uma base de comparação elevada após crescimentos recentes.

Pontos Positivos no Cenário Industrial

No lado oposto, indústrias extrativas (2,7%) e produtos alimentícios (1,7%) foram responsáveis pelos principais avanços. As extrativas eliminaram a queda de 2,5% registrada em janeiro, enquanto os alimentos acumularam alta de 4,0% nos últimos três meses. Outros destaques incluem produtos químicos (2,1%), celulose, papel e produtos de papel (1,8%) e outros equipamentos de transporte (2,2%).

Na comparação anual, frente a fevereiro de 2024, o setor industrial cresceu 1,5%, com resultados positivos em três das quatro grandes categorias econômicas, 15 dos 25 ramos e 50 dos 80 grupos pesquisados. Os principais impulsionadores foram veículos automotores (13,3%), máquinas e equipamentos (11,9%) e produtos químicos (5,0%).

Desafios Persistem

Apesar da sequência de altas na comparação interanual, há sinais de desaceleração. “A magnitude dos avanços está diminuindo, embora permaneça a disseminação de taxas positivas”, observa André Macedo. Ele destaca ainda o efeito-calendário, já que fevereiro de 2025 teve um dia útil a mais do que igual mês do ano anterior, mas também enfrenta uma base de comparação mais elevada.

Do lado das quedas, os setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,3%) e indústrias extrativas (-3,2%) exerceram as maiores influências negativas, impactados pela menor produção de óleo diesel, óleos brutos de petróleo e minérios de ferro. Bebidas (-6,6%) e celulose, papel e produtos de papel (-5,4%) também registraram desempenhos negativos significativos.

O cenário atual reforça a necessidade de políticas públicas e ajustes estruturais para recuperar o dinamismo industrial e garantir maior sustentabilidade ao crescimento econômico.

Fonte: Redação

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