Fortaleza – CE | segunda-feira 4 de agosto de 2025 / 13:33

Instabilidade nas tarifas dos EUA sob Trump gera apreensão no setor imobiliário brasileiro

Oscilações nas políticas comerciais americanas dificultam previsões e aumentam riscos para investidores e construtoras no Brasil

A indefinição sobre a política tarifária dos Estados Unidos, sob a gestão do ex-presidente Donald Trump, tem gerado crescente preocupação entre empresários e especialistas do setor imobiliário brasileiro. O anúncio de novas tarifas sobre exportações de diversos países, seguido de recuos e revisões pontuais, criou um ambiente de incerteza que compromete o planejamento de longo prazo do setor.

A movimentação começou em 2 de abril, com a imposição de tarifas entre 10% e 50% para 180 países. Diante da repercussão internacional, o governo norte-americano recuou parcialmente, limitando as taxas a 10% por 90 dias — com exceção da China, que passou a enfrentar uma tarifa de 125%, aplicada de forma imediata.

Construtoras alertam para impactos e imprevisibilidade

O cenário de instabilidade preocupa empresários como Daniel Ribeiro, CEO da G.D8 Incorporadora. Para ele, a ausência de um padrão nas decisões norte-americanas torna difícil qualquer projeção consistente para o setor. “A curto prazo, pode haver impacto direto na cadeia produtiva da construção, desde a estrutura até os acabamentos”, avalia. Ele também menciona a possibilidade de queda nos preços em razão da sobreoferta de materiais redirecionados ao mercado interno, especialmente produtos oriundos da China.

Apesar da possível pressão deflacionária sobre os preços, o aumento da concorrência com materiais estrangeiros pode afetar a competitividade dos fabricantes brasileiros de insumos como aço e alumínio.

Especialistas analisam efeitos nos insumos e no comércio global

Segundo Murillo André Mendonça, professor no Centro Universitário Facens, o impacto direto nos preços dos insumos da construção civil tende a ser limitado, dada a baixa dependência de materiais provenientes dos Estados Unidos. Entretanto, ele alerta para os riscos de inflação em outros setores da economia.

Já o economista Fábio Moraes, da E2+, observa que os Estados Unidos possuem uma forte dependência de produtos transformados de alumínio, o que dificulta a substituição imediata por produção doméstica. Isso pode forçar o governo americano a rever cotas de importação e acordos com parceiros comerciais. Enquanto isso, materiais antes destinados ao mercado norte-americano podem ser redirecionados ao Brasil, pressionando a indústria nacional.

Incerteza global e juros elevados ameaçam dinâmica imobiliária

A imprevisibilidade das medidas comerciais também preocupa o professor Carlos Honorato, da FIA Business School. Ele destaca que esse ambiente volátil pode levar ao aumento das taxas de juros nos Estados Unidos como resposta ao risco, com efeitos em cadeia sobre os juros brasileiros e a atividade econômica global. “Essa instabilidade afeta diretamente a disposição de investimento no setor imobiliário”, analisa.

De acordo com os especialistas, os desdobramentos ainda são incertos, mas o contexto atual já é suficiente para gerar insegurança entre investidores e consumidores. A ausência de previsibilidade, afirmam, representa um dos principais entraves para o desenvolvimento sustentável do mercado imobiliário diante de um cenário internacional instável.

Fonte: Redação

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