O Brasil sediará em novembro a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém (PA), reunindo representantes de 196 países, ONGs, cientistas, líderes do setor privado e da sociedade civil. O evento marcará o compromisso global com o desenvolvimento sustentável e a transição para uma economia de baixo carbono.
Inserida nesse contexto, a indústria brasileira do cimento tem se posicionado como uma referência internacional em redução de emissões. O setor participa ativamente da elaboração do Plano Clima, que será apresentado na COP 30, com destaque para as ações de descarbonização promovidas nas últimas duas décadas, como o uso de matérias-primas alternativas e combustíveis não fósseis, além da otimização energética dos processos produtivos.
Reconhecida como uma atividade de alta emissão de gases de efeito estufa (GEE), a produção de cimento é responsável por cerca de 7% das emissões globais de dióxido de carbono (CO₂). No Brasil, no entanto, essa taxa corresponde a apenas 2,3%, segundo o Inventário Nacional de GEE, reflexo das medidas já implementadas pelo setor.
Parcerias estratégicas e metas de longo prazo
Em 2019, em parceria com a Agência Internacional de Energia (IEA), a Corporação Financeira Internacional (IFC), o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) e instituições acadêmicas, o setor desenvolveu o Roadmap Tecnológico do Cimento. O plano prevê a redução de 33% das emissões até 2050, o equivalente a 420 megatoneladas de CO₂, com a meta de alcançar 365 kg de CO₂ emitidos por tonelada de cimento — contra os atuais 564 kg.
O compromisso foi reforçado em 2023, quando o Brasil foi escolhido pela Global Cement and Concrete Association (GCCA) como um dos cinco países a integrar o programa de aceleração de roadmaps Net Zero. Em 2025, a iniciativa foi ampliada com a participação da UNIDO, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), do SNIC e do Instituto E+, por meio do programa internacional Partnership for Net Zero Industry.
Integração com políticas públicas e iniciativas federais
Além da atualização do roadmap, a indústria colabora com a Missão 5 da Nova Indústria Brasil (NIB), focada na descarbonização, transição energética e bioeconomia. O setor também atua na regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, previsto para entrar em vigor em 2025.
Resultados concretos e investimentos sustentáveis
O setor, que emprega cerca de 82 mil pessoas e movimenta R$ 26,5 bilhões por ano, planeja investir R$ 27,5 bilhões entre 2023 e 2027. Em 2023, o coprocessamento — que substitui combustíveis fósseis por resíduos — alcançou a marca de 3,25 milhões de toneladas processadas, evitando a emissão de aproximadamente 3,4 milhões de toneladas de CO₂.
Atualmente, 32% da matriz energética da indústria é composta por fontes renováveis, com expectativa de alcançar 55% até 2050. Entre os principais insumos estão biomassas (18%) e resíduos industriais e urbanos (14%). Os combustíveis fósseis ainda representam 68% da matriz.
Iniciativas para estimular o consumo e a inovação
O setor também tem buscado fomentar a demanda por cimento, com destaque para os investimentos em habitação popular, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, e em infraestrutura de transporte, com a ampliação do uso do pavimento de concreto em rodovias e vias urbanas.
Todas essas ações estarão em evidência durante o 9º Congresso Brasileiro do Cimento (CBCi) e a EXPOCIMENTO 2025, que ocorrem entre os dias 30 de junho e 2 de julho no Golden Hall WTC, em São Paulo. O evento trará à tona as inovações e aplicações do cimento Portland, material essencial para o avanço da construção civil no país.
Com metas ambiciosas e ações concretas, a indústria brasileira do cimento busca consolidar seu papel como protagonista na transição para uma economia de baixo carbono, conciliando sustentabilidade, competitividade e desenvolvimento socioeconômico.