A construção civil brasileira vem acelerando a adoção de práticas sustentáveis. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que o setor cresceu 4,1 % em 2024 e gerou mais de 230 mil empregos formais até outubro, elevando o total de trabalhadores com carteira assinada para 2,98 milhões.
O consumo de cimento somou 64,5 milhões de toneladas entre dezembro de 2023 e novembro de 2024, alta de 4 % sobre o período anterior. Já o mercado imobiliário registrou aumento de 20 % nas vendas de apartamentos novos e crescimento de 17,3 % nos lançamentos.
No crédito habitacional, o FGTS financiou 516 207 unidades nos dez primeiros meses de 2024, movimentando R$ 107,3 bilhões — avanço de 37,8 % em relação a 2023.
Tendências sustentáveis em destaque
- Energia fotovoltaica — Sistemas solares tornaram-se mais acessíveis e já equipam tanto residências quanto empreendimentos comerciais.
- Materiais ecológicos — Tijolos de solo-cimento, tintas à base d’água e telhas recicláveis ganham espaço nas obras.
- Eficiência e redução de resíduos — Ferramentas como BIM possibilitam planejamento detalhado, menor desperdício e controle do ciclo de vida dos insumos.
Segundo Thiago Santana de Souza, diretor da T&T Imóveis (Campo Grande – MS), práticas sustentáveis já são diferencial competitivo. A empresa adota energia solar, tijolos ecológicos e processos construtivos de baixo impacto. “É bom para o meio ambiente, para a cidade e para o negócio”, afirma.
Impacto econômico e social
Para além do canteiro de obras, a construção sustentável incrementa a arrecadação municipal por meio de IPTU e taxas, valoriza bairros e ajuda a reduzir a ociosidade de imóveis comerciais. O Sebrae avalia que incentivos públicos e evolução tecnológica devem ampliar o uso de fontes renováveis, automação e IoT em edifícios inteligentes.
Programas federais, como o novo Minha Casa, Minha Vida, também podem difundir padrões sustentáveis em larga escala, especialmente na habitação popular. Já universidades e institutos técnicos vêm ampliando currículos voltados a práticas “verdes”, preparando mão de obra alinhada às exigências de um mercado em transição.
No horizonte de 2025, analistas projetam queda no custo dos sistemas fotovoltaicos e maior busca por certificações ambientais (LEED, AQUA-HQE). O consenso é que, para a construção civil brasileira, sustentabilidade deixou de ser tendência e se tornou caminho sem volta.