O mercado de imóveis comerciais manteve em abril a tendência de valorização nos aluguéis, enquanto os preços de venda desaceleraram, conforme o levantamento FipeZap divulgado nesta terça-feira (27). Os alugueis de salas e conjuntos de até 200 m² registraram aumento médio de 1,08%, frente a apenas 0,23% de alta nas vendas.
De acordo com especialistas, a retomada das atividades presenciais e o crescimento do setor de serviços impulsionam a demanda por locações, enquanto a alta da taxa Selic e o encarecimento do crédito desestimulam novas compras.
“A alta dos juros influencia muito o mercado imobiliário, especialmente as vendas”, afirmou Paula Reis, economista do DataZAP. “Com crédito mais caro, empresas tendem a adiar compras e optam por alugar.”
Locação supera inflação
A variação de 1,08% dos aluguéis em abril superou o IPCA (0,43%) e o IGP-M (0,24%), principais índices de referência inflacionária. No acumulado do ano, a alta é de 3,12%, ante 1,19% nas vendas. Em 12 meses, os alugueis avançaram 7,83%, enquanto os imóveis para venda subiram apenas 1,34%.
Desempenho por cidade
- Maiores altas nos aluguéis (abril): Brasília (+2,74%), Curitiba (+2,49%) e Campinas (+2,01%)
- Maior valorização em 12 meses: Niterói (+16,45%), Curitiba (+15,17%) e Campinas (+10,77%)
- Quedas nos preços de venda (12 meses): Rio de Janeiro (-2,85%), Porto Alegre (-0,68%), Belo Horizonte (-0,65%)
São Paulo lidera em preços
São Paulo se mantém como a cidade com os valores médios mais altos: R$ 10.256/m² para venda e R$ 56,06/m² para locação. Outras capitais com valores elevados incluem Florianópolis (R$ 8.779/m² e R$ 47,33/m²) e Rio de Janeiro (R$ 8.555/m² e R$ 46,55/m²). Salvador tem o menor preço de venda (R$ 5.220/m²), mas aluguéis acima da média (R$ 43,17/m²).
Rentabilidade e cenário futuro
A rentabilidade anual média dos aluguéis comerciais chegou a 6,84% em abril, superando os 5,92% do mercado residencial. As maiores taxas de retorno foram observadas em:
- Salvador: 9,99%
- Campinas: 8,17%
- Brasília: 6,96%
Ainda assim, o retorno financeiro dos imóveis comerciais permanece abaixo das aplicações de renda fixa, impactado pelo atual patamar da Selic e pelas incertezas macroeconômicas, que continuam limitando o crescimento nas vendas.