Fortaleza – CE | terça-feira 17 de junho de 2025 / 20:51

Indústria do aço nacional precisa de medidas para garantir competitividade

Importações com preços artificialmente baixos pressionam setor e colocam em risco empresas e empregos no Brasil

A indústria brasileira de processamento do aço enfrenta um cenário de crescente pressão diante do avanço de importações a preços artificialmente baixos, resultado de subsídios em países com excesso de capacidade produtiva. A situação ameaça a operação de centenas de empresas no país, principalmente de pequeno e médio porte, e compromete a geração de empregos qualificados e o desenvolvimento industrial.

Em países como Estados Unidos, México, Colômbia, Índia e na União Europeia, medidas foram adotadas para proteger suas cadeias produtivas diante de práticas comerciais consideradas desleais. No Brasil, entretanto, a reação tem sido limitada, o que expõe o setor a uma concorrência assimétrica.

Dados da Abimetal-Sicetel, com base no Comex Stat, mostram que entre janeiro e abril deste ano, o volume de importações de produtos do segundo elo da cadeia do aço cresceu mais de 30% em relação ao mesmo período de 2024. Isso ocorre mesmo com a indústria nacional apresentando capacidade ociosa, mão de obra qualificada e estrutura produtiva apta a suprir grande parte da demanda interna.

A China é o principal país de origem dessas importações, frequentemente comercializadas abaixo dos preços de mercado. Essa prática tem impacto direto na competitividade das empresas brasileiras, colocando em risco sua sustentabilidade.

Como resposta inicial, o governo brasileiro elevou para 25% a alíquota de importação de seis produtos siderúrgicos representados pela Abimetal-Sicetel: arames galvanizados, arames de alto carbono, arames de outras ligas, materiais para andaimes, telas soldadas e pregos. Embora considerada positiva, a medida ainda é vista como insuficiente e sua continuidade depende de decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex).

O setor emprega cerca de 30 mil trabalhadores diretamente, segundo dados do Caged, e movimenta economias locais. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os empregos industriais oferecem salários 10% superiores à média e concentram 69% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento no Brasil.

Entidades do setor defendem a renovação do atual sistema de proteção comercial e a adoção de políticas públicas mais efetivas, com foco em previsibilidade e equilíbrio competitivo. Segundo a Abimetal-Sicetel, a indústria brasileira não teme a concorrência externa, mas busca isonomia nas condições de disputa.

A CNI destaca que cada R$ 1,00 produzido pela indústria de transformação gera R$ 2,43 na economia nacional, o maior efeito multiplicador entre todos os setores. Diante desse impacto, representantes da indústria alertam para a necessidade de revisar regras e fortalecer políticas que apoiem a produção interna.

Fonte: Redação

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