Fortaleza – CE | terça-feira 17 de junho de 2025 / 14:35

Brasil deve investir R$ 277,9 bilhões em infraestrutura em 2025

Apesar do crescimento em valores absolutos, projeção da CNI indica queda proporcional dos aportes em relação à economia nacional; setor ainda enfrenta desafios estruturais

Os investimentos em infraestrutura no Brasil devem atingir R$ 277,9 bilhões ao longo de 2025, conforme estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O valor representa uma alta de 4,2% em comparação ao total aplicado no ano anterior. No entanto, em termos proporcionais ao Produto Interno Bruto (PIB), o indicador deve recuar de 2,27% em 2024 para 2,21% neste ano, evidenciando um ritmo de investimento ainda abaixo do necessário para impulsionar um desenvolvimento estrutural sólido.

De acordo com Ramon Cunha, analista da CNI, o país historicamente destina recursos insuficientes à infraestrutura, o que compromete a qualidade dos serviços essenciais. “Em muitos segmentos, os investimentos não cobrem nem a depreciação dos ativos. O resultado são estradas deterioradas, fornecimento irregular de energia, limitações na conectividade e falhas no saneamento básico”, afirma.

Para 2025, os setores com maior previsão de crescimento nos aportes são o saneamento e os transportes. Esses segmentos concentram parte das deficiências mais urgentes do país e vêm sendo priorizados dentro do planejamento estratégico do setor.

O levantamento mostra que a iniciativa privada continuará sendo o principal motor dos investimentos, respondendo por 72,2% do total. Essa participação superior a 70% se mantém constante desde 2019, confirmando a dependência do capital privado para viabilizar a expansão da infraestrutura brasileira.

Embora haja avanços, a CNI alerta que o país ainda enfrenta obstáculos relevantes para transformar seu cenário logístico e urbano. Entre os principais entraves estão as incertezas regulatórias, a lentidão nos processos de licenciamento ambiental e o baixo volume de recursos públicos direcionados ao setor.

O estudo propõe uma série de recomendações para reverter esse quadro, começando pela transformação dos investimentos em infraestrutura em uma política de Estado, com planejamento de longo prazo e maior governança. Também é sugerido que os investimentos públicos sejam otimizados com base em critérios técnicos e econômicos, priorizando projetos com maior impacto para a população.

Outras medidas propostas incluem o fortalecimento das parcerias público-privadas (PPPs), a ampliação da segurança jurídica para atrair investidores e a modernização do marco regulatório do setor. A CNI ainda defende o fortalecimento do papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como agente estruturador de projetos sustentáveis e o uso mais amplo do mercado de capitais no financiamento da infraestrutura nacional.

Como meta de médio prazo, a CNI recomenda que os aportes cheguem a pelo menos 4% do PIB, patamar considerado ideal para sustentar o crescimento econômico e garantir competitividade internacional ao país.

Fonte: Redação

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