Fortaleza – CE | sábado 28 de junho de 2025 / 20:28

Construção civil registra desaceleração e empresários perdem confiança no segundo trimestre de 2025

Alta dos juros freia demanda e impacta expectativa de crescimento no setor, segundo dados da CNI e CBIC

A indústria da construção apresentou sinais claros de retração em maio de 2025, com o índice de evolução do nível de atividade marcando 47 pontos, indicando queda no desempenho em comparação a abril. Os dados fazem parte da Sondagem Indústria da Construção, divulgada nesta sexta-feira (27) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

De acordo com Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, a principal razão da desaceleração é o cenário de juros elevados. “Nos últimos meses, a construção civil vem perdendo ritmo, muito em função do crédito mais caro, que afeta diretamente a capacidade de financiamento dos consumidores e reduz a demanda por novos projetos”, explicou.

Emprego e capacidade operacional mantêm tendência de estabilidade

O índice de evolução do número de empregados no setor fechou maio em 48,5 pontos, indicando ligeira melhora em relação a abril, mas ainda abaixo da linha de estabilidade (50 pontos).

Já a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) permaneceu em 67%, mantendo-se no mesmo nível dos sete meses anteriores, mas inferior ao registrado em maio de 2024, quando era de 69%. O desempenho também é igual ao observado em maio de 2023, refletindo um ambiente de estagnação operacional.

Confiança empresarial continua em queda

A confiança dos empresários do setor continua em queda progressiva. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da construção caiu um ponto em junho, atingindo 47,5 pontos, configurando o sexto mês consecutivo de pessimismo.

Essa perda de confiança foi puxada principalmente pela piora nas percepções sobre o presente e o futuro da economia. O Índice de Condições Atuais recuou 0,4 ponto, fechando em 43,6 pontos — reflexo da visão negativa dos empresários quanto à situação macroeconômica, apesar de leve melhora na avaliação interna das empresas.

O Índice de Expectativas, que no mês anterior ainda indicava otimismo, recuou 1,2 ponto, ficando em 49,5 pontos, o que já representa um estado de pessimismo com relação aos próximos seis meses.

Expectativas mais moderadas indicam cautela para o segundo semestre

Segundo a sondagem, todas as expectativas de curto prazo sofreram queda significativa, refletindo uma postura mais conservadora do empresariado. Veja os principais recuos:

  • Expectativa de novos empreendimentos e serviços: caiu 1,5 ponto, ficando em 51,3 pontos

  • Expectativa de compras de insumos e matérias-primas: também caiu 1,5 ponto, para 51,1 pontos

  • Expectativa de número de empregados: recuou 1,8 ponto, alcançando 51 pontos

  • Expectativa de nível de atividade: reduziu 0,7 ponto, fechando em 53,1 pontos

Apesar de estarem ligeiramente acima da linha de 50 pontos, esses indicadores demonstram que as perspectivas de crescimento estão menos robustas e mais próximas da estagnação.

Intenção de investimento também diminui

Outro dado que chama atenção é o índice de intenção de investimento, que caiu 0,7 ponto em junho, atingindo 42,8 pontos. Embora ainda 4,8 pontos acima da média histórica de 38 pontos, a tendência de queda reforça o clima de cautela que domina o setor.

Com juros elevados, demanda reprimida e confiança em baixa, os números do mês reforçam o cenário desafiador da construção civil brasileira, que pode seguir em ritmo lento no segundo semestre, salvo mudanças estruturais na economia ou em políticas de estímulo ao crédito e ao investimento.

Fonte: Redação

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