Fortaleza – CE | domingo 3 de agosto de 2025 / 16:35

Construção civil trava com fuga da poupança e juros altos: setor busca saídas fora dos bancos

Com déficit recorde na poupança e crédito tradicional em colapso, empresas recorrem aos FIDCs como alternativa para manter obras em andamento e preservar margens

A construção civil entra no segundo semestre de 2025 sob forte pressão financeira. O déficit na captação líquida da poupança — principal fonte de recursos para o crédito imobiliário no Brasil — alcançou R$ 34,6 bilhões apenas nos três primeiros meses do ano, de acordo com o Banco Central. O valor já supera todo o saldo negativo acumulado em 2024, revelando o crescente descompasso entre a demanda e a oferta de financiamento no setor.

Segundo a Multiplike, com a taxa Selic em 15%, o custo do dinheiro atingiu um nível crítico para boa parte das empresas. O cenário vem comprometendo o ritmo de novas obras, adiando lançamentos e corroendo a rentabilidade dos empreendimentos. Essa alta dos juros se soma a outros desafios: aumento da carga tributária e da mão de obra, segundo apontam entidades da construção.

A soma desses fatores vem comprimindo as margens operacionais e tornando o ambiente ainda mais imprevisível para construtoras e incorporadoras. Diante da escassez de crédito bancário, muitas empresas estão optando por postergar investimentos ou até paralisar projetos — uma escolha que afeta diretamente a geração de empregos e o funcionamento de toda a cadeia de suprimentos da construção civil.

Mesmo com a necessidade urgente de novas fontes de financiamento, o setor continua preso a estruturas tradicionais, com forte concentração de crédito em bancos e instituições públicas. A limitação no acesso a recursos tem comprometido a execução de projetos, principalmente em um cenário de seletividade elevada por parte do sistema financeiro. Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), apesar do crescimento, ainda enfrentam resistência por falta de conhecimento ou por perfis mais conservadores de gestão.

Para Volnei Eyng, CEO da Multiplike, a chave para destravar o setor está na flexibilidade e agilidade de soluções alternativas. “Em um mercado travado, velocidade no financiamento é o diferencial para manter obras em andamento”, afirma. Segundo ele, os FIDCs representam uma alternativa eficaz por permitirem operações customizadas, com menos burocracia e maior aderência à realidade de cada projeto.

Diferente do crédito bancário, que é rígido e lento, os FIDCs possibilitam que construtoras adaptem suas operações ao fluxo de caixa e ao perfil financeiro da obra, o que tem sido crucial para reativar empreendimentos paralisados e acelerar o ciclo de construção — tudo isso sem comprometer a rentabilidade.

Apenas no primeiro semestre de 2025, os FIDCs movimentaram R$ 28,8 bilhões, com patrimônio total de R$ 687 bilhões. Desde 2023, esses fundos estruturados vêm ganhando espaço, principalmente por oferecerem soluções viáveis para empresas que enfrentam obstáculos no sistema bancário tradicional. Em contrapartida, o crédito convencional segue escasso — e isso exige ação imediata.

“A sobrevivência e o crescimento da construção civil dependem da capacidade de inovação na gestão financeira. É preciso parar de olhar para o retrovisor e buscar soluções reais. Os FIDCs são uma dessas ferramentas”, afirma Eyng.

A Multiplike, criada em 1999, é referência nacional como gestora exclusiva multissacado/multicedente e securitizadora de crédito privado. Especializada em antecipação de recebíveis e capital de giro, já movimentou mais de R$ 50 bilhões em créditos cedidos nos últimos anos. Presente nos principais setores da economia — como construção civil, agronegócio e indústria — a empresa atende mais de 4 mil clientes e conta com mais de 300 colaboradores, sendo hoje uma das companhias mais rentáveis do setor financeiro na região sul do Brasil.

Fonte: Redação

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