Fortaleza – CE | sábado 2 de agosto de 2025 / 20:33

Agronegócio impulsiona máquinas agrícolas, mas setor teme impacto dos EUA

Com crescimento de 20,7% no primeiro semestre de 2025, indústria de máquinas agrícolas celebra faturamento recorde, mas já lida com incertezas geradas pela taxação americana que ameaça frear exportações.

A indústria de máquinas agrícolas no Brasil registrou forte crescimento no primeiro semestre de 2025, movimentando R$ 33,2 bilhões, um aumento de 20,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Os dados, divulgados nesta quarta-feira (30) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), refletem um desempenho robusto do setor impulsionado principalmente pelo agronegócio.

Em junho, o setor faturou R$ 6,3 bilhões, alta de 12,2% frente ao mesmo mês de 2024. No entanto, em relação a maio deste ano, houve retração de 3,6%, indicando uma oscilação sazonal. O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, Pedro Estevão Bastos, comemorou os resultados: “Um crescimento de 20,7% é extremamente significativo. Supera as expectativas que vínhamos projetando no início do ano.”

Inicialmente, a estimativa de crescimento era de 8% para o ano, mas o desempenho da primeira metade de 2025 sugeria que o número poderia ser revisto positivamente. A perspectiva otimista, no entanto, foi abalada pelo anúncio recente do governo dos Estados Unidos, que decidiu impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, medida que pode impactar diretamente as exportações do setor.

Bastos destacou que o impacto mais imediato deve ser sentido nas cadeias produtivas de café, laranja e bovinos, que representam cerca de 17% das vendas nacionais de máquinas agrícolas. Ele aponta que, caso as tarifas entrem em vigor a partir de 1º de agosto, a indústria pode sofrer perdas expressivas: “Poderíamos perder até 17% do faturamento e ainda ver uma retração de 1,7% nas vendas totais, já que 10% da produção vai para os EUA.”

O presidente da CSMIA ressaltou ainda que o momento é de incerteza. Embora o Plano Safra de 2025 tenha disponibilizado quase R$ 30 bilhões em crédito para o setor com juros abaixo da taxa Selic, o mercado está cauteloso. “As taxas ainda são altas, mas os recursos estão acessíveis. O problema agora é o ambiente externo. As culturas mais afetadas já demonstram insegurança, e isso afeta o otimismo geral da cadeia.”

Apesar das preocupações, os dados sobre exportações seguem positivos. Entre janeiro e junho, as vendas externas de máquinas agrícolas cresceram 12,7% em relação ao mesmo período de 2024. Em junho, o avanço mensal foi de 10,9%, e, na comparação com junho de 2024, o salto foi de expressivos 27,8%.

As importações, por outro lado, mostraram queda: recuo de 10,8% em junho frente a maio, e de 4,7% na comparação anual. No acumulado do primeiro semestre, a retração foi de 2,3%, indicando um movimento mais contido de entrada de produtos estrangeiros no país.

Um dos destaques positivos do ano é o mercado de tratores e colheitadeiras, que teve um aumento de 15,4% nas vendas até junho, com 27.415 unidades comercializadas, frente às 23.756 registradas no mesmo período de 2024.

Mesmo com os bons resultados, Pedro Estevão Bastos alerta que os próximos meses exigirão atenção redobrada: “O tarifaço trouxe um clima de insegurança. Se as negociações não evoluírem, o setor pode sentir o baque. Ainda há margem para diálogo com os EUA, mas o momento é de cautela.”

Fonte: Redação

PUBLICIDADE