Fortaleza – CE | terça-feira 30 de setembro de 2025 / 22:04

Relatório aponta economia circular como chave para descarbonizar a siderurgia no Brasil

Estudo do Ibec revela que práticas circulares podem reduzir emissões e ampliar competitividade da indústria do aço, mas avanço depende de inovação e integração multissetorial

O Instituto Brasileiro de Economia Circular (Ibec) lançou o relatório “Economia circular como alavanca para a descarbonização do setor siderúrgico brasileiro”, destacando a circularidade como caminho estratégico para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na siderurgia. O estudo contou com apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e foi desenvolvido a partir de entrevistas com 11 organizações, incluindo seis siderúrgicas brasileiras e a Vale.

Apesar de práticas já adotadas, como o aproveitamento de sucata e a transformação de resíduos em coprodutos, o levantamento indica que é preciso superar barreiras para estruturar uma abordagem sistêmica. O documento também analisa o cenário global e a realidade brasileira, em um setor que responde por 8% a 10% das emissões de CO₂ no mundo.

No Brasil, a siderurgia estabeleceu metas de redução entre 15% e 50% das emissões até 2030 e de neutralidade de carbono até 2050. Para a presidente do Ibec, Beatriz Luz, a transição exige visão integrada: “A descarbonização e a economia circular precisam caminhar juntas. Até 2050, metade das reduções virá de tecnologias ainda não disponíveis em escala, por isso é essencial criar demanda antecipada e preparar o mercado para novas soluções.”

O relatório destaca que a economia circular redefine o desenvolvimento econômico, trazendo novas formas de avaliar valor, processos e indicadores. Para a siderurgia, adotar essa visão pode gerar ganhos expressivos ao integrar todos os elos da cadeia. Foram ouvidos representantes de empresas como ArcelorMittal, CSN, Gerdau, Usiminas, Aperam e Aço Verde do Brasil, além de entidades como o Instituto Aço Brasil, CETEM e PUC-Rio.

Segundo o estudo, o setor brasileiro vive atualmente a segunda de quatro ondas de circularidade: já reconhece o aço como material circular, valoriza resíduos como insumos e investe em energias renováveis. A terceira onda exige a circularidade incorporada à cultura de negócios, parcerias multissetoriais e ganho de escala das soluções. Já a quarta etapa projeta o Brasil como protagonista global em tecnologia e governança circular.

Beatriz Luz ressalta que é hora de ampliar o debate: “Quando a circularidade fica restrita às áreas de meio ambiente, perde-se potencial estratégico. É preciso envolver lideranças e criar modelos de governança em rede, capazes de transformar custos em investimentos, reduzir impactos e gerar competitividade. Assim, a siderurgia pode alavancar também a circularidade em setores como infraestrutura e agronegócio.”

Fonte: Redação

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