O terceiro trimestre de 2025 começou com novos sinais de perda de fôlego da atividade econômica. Em julho, a produção industrial recuou 0,2% na margem, ainda que tenha registrado leve alta de 0,2% na comparação anual. O desempenho foi sustentado pela indústria extrativa, favorecida pelo petróleo, enquanto a transformação industrial segue em trajetória de desaceleração.
O varejo ampliado interrompeu a sequência de quedas e cresceu 1,3% em julho, após três meses consecutivos de retração. Já o varejo restrito recuou 0,3% no mês, apesar de manter alta de 1% em relação a 2024. Os segmentos de móveis e eletrodomésticos e de produtos farmacêuticos e cosméticos mostraram resiliência, mas o consumo de bens duráveis segue impactado pela política monetária.
Nos serviços, houve expansão modesta de 0,3% na margem e 2,8% em 12 meses, com destaque para comunicações e serviços profissionais. O transporte, que havia subido no mês anterior, caiu 0,6%. Já os serviços prestados às famílias voltaram ao campo positivo, mas ainda acumulam retração interanual.
Indicadores agregados também reforçam a desaceleração. O IBC-Br caiu 0,5% em julho, abaixo do esperado, enquanto o Monitor do PIB apontou recuo de 0,6% na margem. A indústria extrativa foi favorecida pela abertura de sete novos poços de petróleo, segundo a ANP, mas setores como eletricidade e construção devem apresentar retração.
Oferta e demanda
Pela ótica da oferta, o agro não deve trazer surpresas, já que a colheita das principais culturas se concentrou no primeiro semestre. A indústria extrativa deve avançar 12,3% interanual, sustentada pelo petróleo. Já a geração de energia mostra perda de dinamismo com maior uso de térmicas e renováveis, resultando em retração de 1,5% no trimestre. A construção civil tende a cair 0,6% na margem, enquanto os serviços devem crescer 0,4%, apoiados no mercado de trabalho.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias deve subir 0,8% e o consumo do governo avançar 1,2%. Já os investimentos devem cair levemente (-0,2% TsT). O setor externo deve contribuir positivamente, com exportações em alta de 3% no trimestre e importações em leve expansão de 0,3%.
Perspectivas
Com esse cenário, a projeção é de que o PIB do 3º trimestre registre crescimento de apenas 0,2% na margem e 1,7% na comparação anual, mantendo a estimativa de 2% para o ano de 2025. Para os analistas, o quadro reflete o impacto da política monetária restritiva sobre os setores mais cíclicos, compensado apenas em parte pelo bom desempenho da indústria extrativa.