Projetando espaços públicos sustentáveis para as cidades
O TED Talks teve a honra de contar com uma palestra de Amanda Burden sobre espaços públicos. Na ocasião, a ex-diretora do Departamento de Planejamento Urbano de Nova Iorque e atual board member da Bloomberg Associates, revelou que municípios são essencialmente formados por pessoas — e não apenas um conjunto de arranha-céus, vias pavimentadas e veículos de transporte.
Para ela, a população compõe a essência do funcionamento de uma cidade. É por isso que espaços públicos encontraram a tendência natural de serem cada vez mais agradáveis e cheios de vida, prontos para oferecer uma experiência encantadora aos moradores e visitantes.
Um lugar bem planejado é sinônimo de conforto, salubridade e integração. Com base nessa visão, é certo dizer que, quanto melhor o planejamento urbano desses locais, maiores as chances que eles têm de atrair pessoas. E não apenas habitantes, mas também investidores.
O desenvolvimento sustentável realiza um papel central nessa equação, já que os espaços públicos podem impactar o bem-estar da população e atrair diversas oportunidades. Entenda:
O papel da construção no planejamento de espaços públicos
Bem, se lugares abertos carregam consigo parte da responsabilidade pelo crescimento das cidades, o setor da construção tem grande importância no que diz respeito a este cenário.
Antes de mais nada, é importante lembrar que o município não é um sistema fechado, mas um conjunto que pode ser dividido pela presença de espaços públicos e privados.
De acordo com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo Brasileiro (CAU/BR), ao planejar a infraestrutura de espaços públicos, é necessário pensar no coletivo e em tudo aquilo que o coletivismo exige. Com planejamentos em desenhos detalhados, integrados e articulados, redefinindo prioridades e ações políticas sempre que preciso. E, assim, contribuindo para a diversidade e a reaproximação humana.
Para o órgão, “articular os sistemas de espaços públicos na malha urbana é um crochê delicado e minucioso, composto de distintos retalhos, para dar unidade ao conjunto. Torna-se essencial, pois, que esta teia formada por espaços e edifícios públicos esteja habilitada para criar distintas possibilidades de desenvolvimento endógeno e, sendo assim, gerar identidade”.
Um manual publicado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) aponta que a concepção e o desenvolvimento de bons projetos envolvem uma série de estágios distintos. Das análises de terrenos e entornos até a escolha dos materiais mais adequados e o conhecimento das necessidades e expectativas da população.
Descubra, a seguir, quais são os principais fundamentos para projetar espaços públicos inteligentes e sustentáveis, levando em conta o material citado acima.
Passo a passo: criação de espaços públicos sustentáveis
Ainda que sejam elaborados conforme as especificidades de cada projeto, são 5 (cinco) os pontos básicos a incluir no planejamento para a criação de espaços públicos de qualidade, observando suas próprias subcategorias.
Está pronto(a) para saber mais acerca desses processos e da sua importância no desenvolvimento de projetos de construção?
Verificação do entorno
A verificação do entorno é o ponto de partida, garantindo oreconhecimento de possíveis interferências que podem beneficiar ou prejudicar a concepção de novos espaços públicos.
Alguns fatores a serem considerados durante esta análise são os pontos-focais ou lugares importantes na região, os fluxos e deslocamentos de pessoas e veículos, a apropriação de locais para eventos e os problemas urbanos existentes. Estes últimos podem estar relacionados a questões como iluminação, segurança, trânsito excessivo e coleta de lixo.
Análise da área ou terreno
Depois, é preciso fazer a análise da área ou terreno em si. É um estágio importantíssimo, pois “um projeto feito com base na análise da problemática local contribuirá com a melhoria da qualidade de vida das áreas envoltórias e sua melhor inserção na malha urbana”.
É este o momento de prestar atenção nas rotas de pedestres e áreas de acessibilidade, na potência e incorporação de uso já empregadas, no levantamento de estruturas e vegetação presentes, no levantamento topográfico, nos sistemas de drenagem e na sondagem de solo.
Em resumo, analisar em detalhes o que será necessário para que o projeto resulte em um espaço urbano bem visitado e contribua para o amadurecimento da cidade como um todo.
Processo participativo
Confirmada a viabilidade da construção, é hora de verificar quais são as necessidades da população. O processo participativo compreende não só as preferências, como também as exigências das pessoas.
A metodologia pode variar, dependendo do caso. No entanto, o melhor a se fazer é estreitar os laços e colocar a mão na massa. Em outras palavras, deixe o papel de lado e conecte-se com o público!
Realize entrevistas, guie oficinas participativas, convoque audiências públicas e estabeleça canais específicos de comunicação para tornar o processo algo transparente e informativo. Assim como também para captar o máximo de informações e insights possíveis através desse contato direto com moradores e organizações governamentais.
Definição do programa
A definição do programa é a quarta fase, ao passo que todos os elementos necessários para o início do projeto já estão garantidos. Definir o objetivo da construção nada mais é do que saber quais serão as medidas adotadas. A fim de que os espaços públicos, de fato, atendam às necessidades levantadas no estágio anterior.
Quais serão as atividades desenvolvidas para engajamento do público? Os equipamentos necessários para suprir as programações previstas? E as possíveis edificações de apoio a certos eventos? Estas são algumas das perguntas que precisam ser respondidas aqui.
Setorização das atividades
Por fim, chegou o momento de limitar o local e a dimensão de cada tarefa prevista. Assim, a setorização das atividades abrange o estabelecimento de áreas para lazer contemplativo e ativo, circulação, acessos, estacionamentos, jardins e canteiros; fora zonas arborizadas, gramados e hortas.
Vale lembrar que todo projeto urbano de qualidade compreende um plano de gerenciamento de resíduos, a obtenção das licenças ambientaisexigidas e também o cumprimento de normas técnicas e de desempenho, como a NBR 9050 e a NBR 15575, respectivamente.
Além disso, nos dias de hoje, em meio à era da transformação digital, construtoras e profissionais da área contam com a tecnologia como ferramenta de apoio. Podem, graças às inovações tecnológicas, gerenciar obras com maior rapidez, eficácia e produtividade.
Além de melhorar a rentabilidade, as tecnologias proporcionam uma visão completa de estágios do projeto. Assim, é possível mapear fraquezas e oportunidades para o planejamento da execução e da setorização das atividades previstas.