O especialista por detrás das inovações das máquinas da New Holland

Nascido em Bicas/MG, Thiago Figueiredo é graduado em Engenharia de Produção pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), na mesma Universidade fez a Pós-Graduação em Métodos Estatísticos e, posteriormente, MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas – Juiz de Fora/MG-. Desde 2013, trabalha no time de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da CNH Industrial que somam cinco anos de experiência com a Gestão da Inovação e Propriedade Intelectual. O mineiro trabalha numa estrutura global, mas, respeitando as demandas específicas de cada mercado. Seu foco é a América Latina, embora desenvolva projetos em outros mercados, como o americano.

Ele também, representa a CNH Industrial em fóruns técnicos na Anfavea e Abimaq, além de responder pelo Brasil no Comitê ISO TC127 que cria todas as normas técnicas que são aplicadas a máquinas de construção (Earth-moving machinery) ao redor do planeta.

Thiago também trabalhou nove anos na área de dispositivos médicos, na empresa Becton Dickinson localizada em Juiz de Fora/MG, onde desempenhou as atividades de Engenharia de Processos, Engenharia de Melhorias Contínuas e Coordenador de Validação/Qualidade.

O Jornal da Construção Civil bateu um papo com Thiago para saber das novidades de mercado, tecnologia dos produtos da New Holland e Case. Confira:

JCC – A cadeia da construção civil foi diretamente atingida por ações sucessivas equivocadas da política brasileira que não se definia e, caminha ainda por um roteiro desconhecido. De que forma a New Holland e a CASE estão se posicionando no mercado atuante?

Thiago – Infelizmente é notório que as demandas de infraestrutura do país (como estradas pavimentadas) e da sociedade (como saneamento básico) estão desconectadas das prioridades da política nacional. Entretanto, ainda que caminhando rumo a um 2019 ainda “incerto”, estamos otimistas e mais do que preparados para ajudar na retomada do crescimento do país.

As marcas de máquinas de construção da CNH Industrial, New Holland Construction e CASE Construction Equipment, estão trabalhando forte em melhorias de produtos e novos serviços de modo a entregar maior produtividade e redução de custos. Além disso, introduzimos novas máquinas-conceito durante a Feira M&T2018, demonstrando nosso compromisso com a Inovação e com o país, pois desenvolvemos em nossas plantas do Brasil novas tecnologias que, em breve, estarão sendo aplicadas em outros mercados, fora do Brasil.

Dois pilares nortearam o projeto da New Holland B95B Acessível: inclusão e qualidade de vida. Divulgação
JCC – Inovar, teoricamente é mais difícil do que criar novos produtos, como foi gerada essa capacidade de inovação?

Thiago – Nós atuamos em duas linhas diferentes de estratégias: (1) Inovação incremental, visando melhorias em produtos e serviços já existentes e (2) Inovação disruptiva, ousando em ofertar produtos e serviços ainda desconhecidos do mercado, mas os quais serão demandados num futuro próximo.

Inovar é caminhar em direção ao desconhecido, vislumbrando potencialidades que ainda não estão claramente compreendidas e, por isso, é realmente uma tarefa árdua. Entretanto, inovar é “prática” e decidimos praticar há anos e por isso somos confiantes. Além disso, a sinergia entre os negócios e setores da CNH Industrial (máquinas agrícolas, caminhões, ônibus, motores, geradores, serviços financeiros) possibilita a troca e o que provoca confrontos de realidade muito estimulantes para fins de Inovação.

JCC – Conte-nos sobre os desafios que você ou sua equipe atravessou para minimizar impactos em relação a patentes (se houve) e, de que forma foi conduzida essa ação?

Thiago – A abordagem de Propriedade Intelectual/Patentes é um pilar chave da gestão da Inovação. Durante os projetos de Inovação apresentados ao longo da Feira M&T 2018, nos deparamos com várias consultas em bancos de dados de desenhos industriais e patentes de tecnologias já registrados ao redor do mundo.

Diante de nossas inovações disruptivas, encontramos poucas similaridades já registradas como patente, mas assusta o fato do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) demorar anos para reconhecer uma patente de tecnologia. Ainda que os direitos de autor sejam preservados, é notória a lacuna de tempo na qual estamos expostos a possíveis imbróglios jurídicos desnecessários.

Retroescavadeira New Holland B95B garante acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. Divulgação
JCC – O portfólio das empresas (New Holland e Case) parece competir entre si, diga o que o cliente final, pode esperar de cada uma delas, citando um produto de ambas com os seguintes tópicos: Ciclo de vida do produto, capacidade de autonomia da máquina, acessibilidade e tecnologia ?

Thiago – O portfólio das marcas de construção da CNH Industrial, New Holland Construction e CASE Construction Equipment, se complementam e trazem uma sinergia única para o mercado nacional e quem mais ganha com essa abordagem é o nosso cliente.

A CASE lançou a máquina conceito 580N Wireless (Retroescavadeira). Substituímos chicotes elétricos por placas eletrônicas que se comunicam por protocolos wireless, o que nos permitiu adicionar um tablet, em detrimento do tradicional painel de controle. Essa disrupção foca num maior ciclo de vida do produto, pois as manutenções serão mais rápidas e gerando menor impacto no meio-ambiente. Também nos preocupamos com a nova geração de operadores, que se sentirá mais “conectada” por meio deste tablet.

A New Holland Construction lançou a máquina conceito W190B Conecta (Pá Carregadeira). Adicionamos leitores biométricos na porta e na ignição, adicionando níveis de segurança capazes de proteger o operador (operação somente após verificação de treinamento, por exemplo) e aumentar a segurança da operação no local de trabalho (melhor gestão da frota de máquinas). Em paralelo, desenvolvemos um novo dispositivo de conectividade capaz de capturar dados técnicos da máquina, auxiliando em parâmetros de operação capazes de otimizar a produtividade e reduzir consumo de combustível. O ciclo de vida do produto será maior, pois a segurança da máquina e da operação implica em evitar/eliminar eventos inesperados e a conectividade irá impactar em menor consumo de combustível, com menor emissão de poluentes para o meio-ambiente.

Fonte: Jornal da Construção Civil