Fortaleza – CE | sexta-feira 8 de agosto de 2025 / 08:37

Alta de tarifas sobre importação pressiona preços e acelera inflação na construção em julho

Com aumento de materiais de PVC e custos ainda elevados com mão de obra, INCC-DI sobe 0,91% no mês e reforça tendência de encarecimento no setor

O setor da construção civil voltou a sentir o impacto da inflação em julho de 2025, impulsionado principalmente pela alta nos custos de materiais importados e pela manutenção da mão de obra em patamares elevados. Segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice Nacional de Custo da Construção – Disponibilidade Interna (INCC-DI) teve alta de 0,91% em julho, acelerando em relação ao avanço de 0,69% registrado em junho.

O movimento de alta é atribuído, sobretudo, ao aumento nas tarifas de importação de insumos utilizados na construção, especialmente produtos à base de PVC, como tubos, conexões e eletrodutos. A elevação desses itens pesou diretamente no bolso das construtoras e pressionou o índice no mês.

De acordo com Matheus Dias, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), a recente política de elevação das tarifas de importação de resinas teve impacto imediato no setor. “A alta do INCC foi impulsionada, sobretudo, pelo encarecimento de produtos derivados de PVC, que reagiram ao aumento de tarifas sobre resinas. Tubulações e conexões estão entre os principais responsáveis pela pressão inflacionária na construção”, afirmou em comunicado oficial.

Materiais e serviços lideram a pressão

A aceleração inflacionária ficou evidente no componente que mede os Materiais, Equipamentos e Serviços, cujo avanço foi de 0,85% em julho, após alta de 0,24% em junho. Dentro desse grupo, o subíndice de Materiais e Equipamentos teve alta expressiva de 0,86%, frente aos 0,12% observados no mês anterior. Já o segmento de Serviços registrou desaceleração, passando de 1,26% para 0,78%, mas ainda mantendo variação significativa.

O encarecimento dos insumos evidencia a vulnerabilidade do setor da construção civil à variação cambial e às políticas de comércio exterior. Com o real desvalorizado e maiores restrições sobre importações, a indústria nacional passa a sentir o impacto no custo de produção, o que pode afetar, em cadeia, o preço final dos imóveis e o ritmo das obras.

Mão de obra continua em alta, mas perde fôlego

O custo com mão de obra, que tradicionalmente representa uma fatia relevante nos custos da construção, também continuou a subir, embora em ritmo mais moderado. O subíndice específico registrou alta de 1,00% em julho, desacelerando frente aos 1,32% de junho. Ainda assim, o resultado mostra que os gastos com trabalhadores do setor seguem pressionando os custos totais, especialmente diante de negociações coletivas e ajustes salariais típicos do meio do ano.

Apesar do alívio parcial nesse item, o cenário geral aponta para um ambiente de encarecimento persistente, dificultando a redução de preços no setor e impactando tanto empresas quanto consumidores finais.

Perspectiva para os próximos meses

Com a continuidade das políticas de proteção à indústria nacional e a manutenção de um cenário cambial desfavorável, a tendência é de que os preços dos insumos de construção sigam pressionados nos próximos meses. Especialistas avaliam que, a depender do comportamento do dólar e da política tarifária do governo, os custos podem continuar em alta, elevando os desafios para o setor imobiliário e de infraestrutura.

Além disso, os custos com mão de obra, ainda elevados, devem permanecer como fator de atenção para o segundo semestre, sobretudo diante da possibilidade de novas negociações salariais em determinadas categorias.

O desempenho do INCC-DI em julho reforça o alerta sobre o ambiente de custo no setor da construção, que pode afetar prazos de entrega, planejamento financeiro das obras e, eventualmente, os preços repassados ao consumidor final.

Fonte: Redação

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