Fortaleza – CE | terça-feira 13 de maio de 2025 / 19:30

Cabos de aço ganham sensores inteligentes e elevam padrão de segurança

Tecnologia transforma cabos de sustentação em dispositivos ativos que monitoram tensão, deformações e ambiente em tempo real

A tecnologia está revolucionando o setor de infraestrutura, e os cabos de aço inteligentes são um exemplo claro dessa transformação. Tradicionalmente utilizados apenas como elementos de sustentação, esses cabos agora integram sensores que monitoram em tempo real tensões, deformações e variações ambientais, elevando significativamente os padrões de segurança e eficiência.

Embora ainda pouco difundido no Brasil, o uso desses sistemas é tendência em obras de grande porte ao redor do mundo. A incorporação de sensores e inteligência artificial está tornando as estruturas mais resilientes e conectadas, inserindo os dados como componente essencial nas decisões de engenharia.

Segundo a Business Research Insights, o mercado global de monitoramento de saúde estrutural deve saltar de US$ 1,5 bilhão em 2024 para US$ 3,71 bilhões até 2033. Esse avanço é impulsionado por tecnologias como sensores sem fio, IoT e soluções de manutenção preditiva baseadas em dados.

De sustentação à inteligência: o novo papel dos cabos de aço

Cabos usados em pontes estaiadas, barragens, túneis e plataformas offshore agora também servem como “nervos sensoriais” das estruturas. Equipados com sensores como FBGs (Fiber Bragg Gratings), acelerômetros e extensômetros, esses cabos detectam mudanças sutis de tensão, torção ou temperatura que podem indicar falhas futuras.

Ao permitir monitoramento contínuo e remoto, os sistemas substituem inspeções esporádicas por análises preditivas baseadas em dados. Isso reduz riscos e otimiza o planejamento de manutenção, inclusive em locais de difícil acesso ou sob condições climáticas adversas.

Aplicações no ambiente offshore

Nas plataformas de petróleo, os cabos ancorados enfrentam desgaste constante por conta de salinidade, correntes e tempestades. Com sensores embarcados, é possível identificar sinais de fadiga com semanas de antecedência, prevenindo falhas e evitando prejuízos causados por paralisações não programadas.

Além disso, os dados captados podem ser integrados a plataformas de análise em nuvem e inteligência artificial para criar gêmeos digitais: modelos virtuais que replicam o comportamento da estrutura física. Esses modelos facilitam simulações, diagnósticos e ajustes operacionais com mais precisão.

Avanços no Brasil e os desafios

Universidades como a USP e a UFOP têm avançado em pesquisas sobre sensores embarcados em cabos de aço nacionais, com resultados promissores em termos de precisão, durabilidade e viabilidade econômica. No entanto, o país ainda enfrenta desafios como o alto custo inicial dos sensores, falta de normas técnicas específicas e escassez de profissionais qualificados em engenharia e análise de dados.

Prevenção como novo padrão

O histórico recente de acidentes estruturais no Brasil reforça a necessidade de migrar da manutenção corretiva para uma cultura de prevenção. Falhas críticas são, na maioria das vezes, previsíveis e evitáveis com monitoramento adequado.

Assim, os cabos de aço inteligentes representam mais do que uma inovação tecnológica: são parte de uma nova mentalidade, voltada à segurança, sustentabilidade e inteligência estrutural. Para o país, sua adoção não é apenas desejável, mas essencial.

Fonte: Redação

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