Fortaleza – CE | quarta-feira 6 de agosto de 2025 / 01:14

Ceará vira hub de data centers e mira liderança nacional

Com 12 centros instalados em Fortaleza e conectividade global por cabos submarinos, o estado se destaca no setor e projeta expansão com uso exclusivo de fontes renováveis.

O Ceará tem se consolidado como um dos principais polos para instalação de data centers no Brasil, liderando a região Nordeste com 12 estruturas do tipo, todas localizadas em Fortaleza. A informação é da plataforma Data Center Map, que monitora empreendimentos de tecnologia em todo o mundo. Essas infraestruturas são fundamentais para o processamento, armazenamento e distribuição de grandes volumes de dados, servindo como base para a operação de serviços online e plataformas digitais.

Entre as empresas com presença na capital cearense estão nomes como Angola Cables, Ascenty, IPXON, Lumen, Scala, entre outras. A maioria dos data centers está concentrada nas imediações da Praia do Futuro, e um novo centro, da Casa dos Ventos, está em construção no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, em Caucaia.

O grande atrativo do Ceará nesse segmento é sua privilegiada posição geográfica. Fortaleza abriga 18 cabos submarinos de fibra óptica, conectando o Brasil à América do Norte, Europa e África. A cidade figura como o segundo maior hub de cabos submarinos do mundo, atrás apenas de Shima, no Japão. Essa conectividade garante alta velocidade de transmissão de dados e baixa latência — fatores decisivos para empresas de tecnologia.

Para o professor José Maria Monteiro Filho, da UFC, a presença desses cabos impulsiona naturalmente a construção de data centers. Ele destaca que essa estrutura atende tanto à demanda massiva, como streaming e redes sociais, quanto a nichos específicos como serviços financeiros. Além disso, há uma busca constante por mão de obra qualificada no setor.

Contudo, Monteiro também alerta para os desafios ambientais dessas instalações, sobretudo o alto consumo de energia, especialmente em aplicações que utilizam inteligência artificial. O resfriamento dos equipamentos e a demanda energética representam custos significativos, exigindo soluções mais eficientes.

No Brasil, São Paulo lidera com 94 data centers, seguido pelo Rio de Janeiro (25), Ceará (12) e Rio Grande do Sul (11). O crescimento desse mercado deve se intensificar com as recentes medidas adotadas pelo Governo Federal. Uma medida provisória assinada em julho pelo presidente Lula obriga o uso de energia renovável em Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), como a ZPE Ceará, o que favorece projetos como o da Casa dos Ventos.

A região Nordeste tem ampla oferta de energia solar e eólica, com 40,7 milhões de kW de potência outorgada, segundo a Aneel. Esse diferencial energético torna o Ceará ainda mais atrativo para novos empreendimentos de tecnologia limpa.

Além disso, o governo planeja a criação da Política Nacional de Data Centers, que prevê incentivos fiscais para atrair grandes investidores, com expectativa de movimentar até R$ 2 trilhões em dez anos. Também está em consulta pública uma Política Nacional de Cabos Submarinos, que visa fortalecer a infraestrutura digital do país e ampliar a conectividade.

Essa estratégia nacional acompanha planos do BRICS, que prevê uma rede de comunicação de alta velocidade exclusiva entre seus países-membros, diminuindo a dependência das infraestruturas digitais do Norte Global.

O que é um data center?
São centros especializados no processamento de dados, compostos por servidores, sistemas de armazenamento e redes. Essas estruturas são fundamentais para serviços como redes sociais, bancos, vídeos sob demanda, entre outros. O modelo cearense, conectado globalmente e com foco em energia renovável, torna-se exemplo de futuro para a infraestrutura digital brasileira.

Fonte: Redação

PUBLICIDADE