A produção de cimento, um dos principais componentes do concreto tradicional, é responsável por cerca de 8% das emissões globais de dióxido de carbono (CO₂), tornando-se um dos maiores desafios ambientais da construção civil. Para enfrentar esse problema, uma nova solução surge como alternativa viável: um concreto sustentável que elimina o uso de cimento Portland.
Desenvolvido pela empresa C-Crete, esse material inovador substitui o cimento convencional por resíduos industriais e minerais naturais, mantendo a durabilidade e resistência estrutural exigidas pela indústria. Além disso, a tecnologia reduz significativamente as emissões de CO₂ associadas à fabricação de materiais de construção. Para cada tonelada de concreto sem cimento utilizada, evita-se a liberação de uma tonelada equivalente de dióxido de carbono na atmosfera.
Diferença entre concreto e cimento
Embora frequentemente confundidos, cimento e concreto são materiais distintos. O cimento é um aglomerante em pó, geralmente produzido a partir da queima de calcário e argila em altas temperaturas, utilizado para unir outros materiais. Já o concreto é um compósito formado pela mistura de cimento, água, areia e brita, amplamente empregado em estruturas como pilares, lajes e fundações. Em muitos casos, o concreto é reforçado com armaduras de aço, resultando no chamado concreto armado.
Impacto prático do concreto sem cimento
O concreto desenvolvido pela C-Crete já foi aplicado em projetos reais, com aproximadamente 140 toneladas utilizadas em diferentes construções. A empresa recebeu financiamento significativo do Departamento de Energia dos EUA, totalizando cerca de US$ 3 milhões (equivalente a R$ 16,8 milhões), para aprimorar sua tecnologia e expandir sua adoção no mercado.
Essa inovação tem potencial para transformar a indústria ao reduzir drasticamente a pegada de carbono da construção civil. Além disso, ela pode inspirar outras empresas a investirem em soluções sustentáveis, promovendo mudanças em larga escala.
Outras inovações no setor
Outro avanço notável vem do MIT, onde pesquisadores criaram um concreto modificado capaz de armazenar energia, funcionando como uma bateria. Esse “concreto supercapacitor” pode revolucionar a gestão de energia em edifícios e infraestruturas urbanas, armazenando eletricidade de fontes renováveis, como solar e eólica. Embora sua capacidade de retenção seja diferente das baterias de íon-lítio, o material é ideal para cargas rápidas e descargas instantâneas, podendo ser usado em complemento a outras tecnologias.
As possíveis aplicações incluem estradas que carregam veículos elétricos durante o tráfego e edifícios cujas paredes e fundações armazenam energia para uso eficiente. Essa inovação pode integrar-se a redes inteligentes, contribuindo para cidades mais sustentáveis e tecnológicas.
O futuro da construção sustentável
Concretos inovadores, como os sem cimento ou os com capacidade de armazenamento de energia, têm o potencial de mitigar impactos ambientais e promover eficiência energética nos centros urbanos. No entanto, desafios como custos de produção, adaptação de métodos construtivos e regulamentações técnicas ainda precisam ser superados para que essas soluções se tornem padrão na indústria.
Com o aumento dos investimentos públicos e privados em tecnologias verdes, esses materiais sustentáveis devem ganhar espaço em projetos de grande porte nos próximos anos. O concreto do futuro poderá não apenas reduzir as emissões de CO₂, mas também integrar-se a sistemas inteligentes de energia, promovendo maior durabilidade e eficiência nas construções.