Fortaleza – CE | quinta-feira 3 de julho de 2025 / 03:08

Aluguel de imóveis dispara 12,92% em 12 meses, pressionado por juros altos

Aumento supera inflação e impacta principalmente a classe média; Salvador lidera ranking de alta nos preços

O mercado de aluguéis no Brasil passa por um período de forte aquecimento, com preços subindo acima da inflação. Nos últimos 12 meses até fevereiro, os valores de locação registraram aumento de 12,92%, de acordo com o Índice FipeZap. Esse crescimento é mais do que o dobro do IPCA (5,06%) e também supera o IGP-M (8,44%), indicando uma pressão significativa sobre os inquilinos.

A alta dos aluguéis está diretamente ligada ao cenário econômico recente, especialmente ao ciclo de aumentos na taxa Selic, que encareceu os financiamentos imobiliários. Sem condições de comprar imóveis, muitas pessoas recorrem ao aluguel, intensificando a disputa por moradias e impulsionando os preços. Em São Paulo, o preço médio do metro quadrado (m²) para aluguel residencial chegou a R$ 59,19, com uma elevação de 12% no acumulado de 12 meses. Somente em 2025, os valores já subiram 2,18%, evidenciando a força desse movimento. Bairros como Itaim Bibi e Pinheiros lideram os preços, com valores por m² de R$ 91,70 (alta de 3,5%) e R$ 90,90 (alta de 9,1%), respectivamente.

Impacto regional e mercado de trabalho

Entre as capitais brasileiras, Salvador se destaca como a cidade com o maior aumento nos preços de aluguéis. Na capital baiana, os valores subiram expressivos 34,61% no último ano, atingindo R$ 48,33 por m². Especialistas apontam que esse fenômeno está relacionado à melhora do mercado de trabalho local. No quarto trimestre de 2024, a taxa de desemprego na região caiu para 9,7%, contra 14,1% no mesmo período de 2023. Com mais pessoas empregadas, cresce a demanda por moradias próximas aos centros urbanos, onde estão concentradas as oportunidades de trabalho.

Para a economista Paula Reis, do DataZap, a alta nos preços de aluguéis reflete não apenas a dinâmica do mercado imobiliário, mas também mudanças no comportamento dos consumidores. “Os primeiros meses do ano são marcados por maior procura por imóveis e menor oferta, o que naturalmente pressiona os preços”, explica. Apesar disso, ela observa que o ritmo de reajustes começa a desacelerar em algumas regiões, embora ainda seja elevado em comparação com anos anteriores.

Bairros em destaque na capital paulista

Em São Paulo, alguns bairros apresentaram valorizações expressivas nos preços de aluguéis, destacando-se como áreas de grande interesse no mercado imobiliário. Os maiores aumentos foram registrados em Jardins (22,2%), Campo Belo (21,3%), Jardim da Saúde (20,6%), Santana (20,1%) e Moema (18,2%). Esses bairros, conhecidos por sua infraestrutura e qualidade de vida, têm atraído inquilinos dispostos a pagar mais por moradias bem localizadas.

Para especialistas, a alta nos preços de aluguéis afeta principalmente a classe média, que encontra dificuldades tanto para financiar imóveis quanto para arcar com os custos crescentes de locação. Diferentemente das classes alta e baixa, esse grupo depende mais de financiamentos e não se beneficia de programas sociais de moradia, caso tenha renda familiar superior a R$ 8 mil mensais. Além disso, a reforma tributária prevista para 2028 deve impactar proprietários de imóveis, tributando lucros anuais superiores a R$ 240 mil e aumentando os custos de manutenção dessas propriedades.

Por fim, vale destacar que os reajustes mencionados pelo Índice FipeZap referem-se a novos contratos de locação, sem influenciar diretamente os ajustes de contratos vigentes, que seguem índices como IPCA ou IGP-M. Para especialistas, distratos — rescisões de contratos de locação — devem permanecer estáveis, pois são mais comuns em cenários de queda nos preços de aluguéis, quando surgem alternativas mais acessíveis no mercado.

Fonte: Redação

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