Fortaleza – CE | terça-feira 17 de junho de 2025 / 12:57

Banco Central planeja novo modelo para financiar imóveis após queda da poupança

Fuga de recursos da caderneta pressiona alternativas para sustentar o crédito habitacional; proposta deve envolver mercado de capitais

Com a crescente saída de recursos da caderneta de poupança e o impacto direto sobre o crédito imobiliário, o Banco Central está desenvolvendo uma nova estratégia para garantir o financiamento da casa própria. O presidente da instituição, Gabriel Galípolo, anunciou nesta terça-feira (10), durante um evento de inovação financeira promovido pela Febraban em São Paulo, que um novo modelo está sendo estruturado com apoio das principais instituições financeiras.

Segundo Galípolo, a proposta deve funcionar como uma solução transitória para manter os recursos do setor habitacional enquanto se adapta o modelo de captação. “Estamos trabalhando nisso com os bancos, especialmente com a Caixa Econômica Federal, e devemos apresentar em breve uma proposta ponte que utilizará a captação de mercado como fonte para estabilizar o financiamento imobiliário”, afirmou.

O alerta do Banco Central surge em um momento de forte retirada líquida da poupança. Apenas entre janeiro e maio de 2025, os brasileiros sacaram R$ 51,77 bilhões a mais do que depositaram, apesar de um resultado positivo pontual no último mês, quando os depósitos superaram os saques em R$ 336,87 milhões.

Para Galípolo, essa tendência de retirada é reflexo de uma mudança estrutural no comportamento dos investidores. “É cada vez mais difícil competir com alternativas de baixo risco e maior rentabilidade. Com a disseminação da educação financeira, é natural que a poupança perca espaço”, declarou.

Desde 2021, a caderneta tem registrado saldos negativos, e os motivos são diversos: a alta dos juros básicos da economia, o surgimento de opções mais rentáveis como os títulos do Tesouro Direto e a maior digitalização do mercado financeiro, que facilitou o acesso a outros investimentos.

Atualmente, cerca de 65% do total aplicado na poupança é direcionado ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), mecanismo que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão com taxas que chegam a 12% ao ano. Já imóveis de maior valor são financiados pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), baseado em recursos do mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).

O desenvolvimento de um novo modelo de financiamento também ganha relevância diante de uma proposta do governo que prevê tributar as LCIs em 5% no Imposto de Renda. Atualmente, esses papéis são isentos, o que pode afetar sua atratividade e impactar diretamente a captação do setor imobiliário.

Diante desse cenário, o Banco Central busca alternativas para garantir que o financiamento da casa própria continue acessível e sustentável, mesmo com a mudança na origem dos recursos. A nova solução pode abrir caminho para uma maior participação do mercado de capitais no crédito habitacional, descentralizando a dependência da poupança tradicional.

Fonte: Redação

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