Fortaleza – CE | terça-feira 17 de junho de 2025 / 19:02

Economia brasileira desacelera e cresce 0,3% de dezembro para janeiro, aponta FGV

Juros altos e incertezas externas impactam setores industriais e de investimentos

A economia brasileira apresentou um crescimento de 0,3% na passagem de dezembro de 2024 para janeiro de 2025, segundo estimativa da Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado reflete uma desaceleração em relação ao mês anterior, quando a expansão foi de 0,5%. Essa tendência de arrefecimento é explicada por fatores como o cenário internacional incerto e os juros elevados no Brasil, que têm freado setores mais sensíveis ao ciclo econômico.

Impactos do cenário externo e dos juros internos

O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe novas medidas protecionistas, como a taxação de produtos como aço e alumínio de países parceiros, incluindo o Brasil. Essas ações geraram incertezas no comércio global e pressionaram economias emergentes, contribuindo para a desaceleração observada no país.

Internamente, a alta da taxa Selic, atualmente em 13,25% ao ano, também tem impactado negativamente o consumo e os investimentos. A política monetária restritiva adotada pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação desestimula a contratação de crédito e reduz o poder de compra das famílias, afetando diretamente o nível de atividade econômica.

De acordo com Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, há um “processo disseminado de desaceleração”. Ela destaca que setores como o industrial e o de investimentos enfrentam dificuldades devido à combinação de juros altos e incertezas externas.

Apesar disso, a economista ressalta que o desempenho positivo da agropecuária pode oferecer algum alívio. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma safra recorde de grãos para 2024/25, com produção estimada em 328,3 milhões de toneladas, um aumento de 10,3% em relação à safra anterior.

Dados setoriais mostram perda de ritmo

O estudo da FGV revela que o consumo das famílias cresceu apenas 2,6% no trimestre móvel encerrado em janeiro, o menor avanço desde dezembro de 2023. Esse resultado é explicado pela queda no consumo de bens duráveis, não duráveis e serviços, segmentos que têm sido impactados pela retração do crédito e pelo enfraquecimento do poder de compra.

Os investimentos também seguem em desaceleração. A Formação Bruta de Capital Fixo, indicador que mede o nível de investimentos, registrou crescimento de 8,8% no trimestre até janeiro, mas este foi o quarto período consecutivo de desaceleração.

As exportações, por sua vez, tiveram queda de 2,5%, pressionadas pelo desempenho negativo dos produtos agropecuários e da indústria extrativa mineral. Esse foi o pior resultado desde junho de 2022, quando houve retração de 4,1%.

Perspectivas para o futuro

Embora a economia brasileira tenha registrado expansão de 2,5% em janeiro de 2025 na comparação com o mesmo mês do ano anterior, e acumule crescimento de 3,2% nos últimos 12 meses, os sinais de desaceleração preocupam analistas.

O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), previsto para esta semana, deve definir se haverá novo aumento na taxa Selic, o que pode agravar ainda mais o cenário econômico.

Para especialistas, o desempenho da economia dependerá de fatores como a confirmação da safra agrícola recorde e a evolução do cenário externo. O resultado oficial do PIB será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 30 de maio, referente ao primeiro trimestre de 2025, trazendo mais clareza sobre a trajetória econômica do país.

Enquanto isso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta segunda-feira (17), já apontou um crescimento de 0,9% entre dezembro e janeiro, sugerindo que o ritmo de atividade ainda está positivo, mas enfrenta desafios significativos.

Fonte: Redação

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